Um amigo dileto encaminhou ontem um vídeo que despertou minha atenção nos dois sentidos da nossa compreensão humana, o positivo e o negativo. Se, de um lado, anima-nos ver avanços das ciências, das tecnologias, capazes de mitigar nossos problemas, apontar para o encurtamento de curas para doenças ou facilitar a prestação de serviços de que necessitamos, por outro- e este bastante preocupante-, revela-nos a possibilidade real de que revoluções tecnológicas possam levar o mundo a abrir mão do trabalho humano, este agora sendo literalmente assumido pelas máquinas.
Refiro-me à descoberta e aceleração progressiva do que se chama de Inteligência Artificial. O vídeo que ontem recebi mostra clones no ar, utilizando IA para a colheita de maçãs numa fazenda de plantações, em Israel. Os clones, além de substituírem as mãos humanas na retirada dos frutos, determinam o grau de maturação das maçãs, o nível de açúcar, e mostram, igualmente, se a fruta apresenta algum problema capaz de atrapalhar a comercialização. Um trabalho, portanto, que vai muito além da capacidade dos humanos.
Espero continuar acreditando que as desvantagens da Inteligência Artificial não sejam tão relevantes que se tornem capazes de superar as vantagens que essa evolução magnífica pode trazer à própria evolução da sociedade, encontrando caminhos que as pessoas até hoje não foram suficientemente aptas para fazê-lo. Até porque, por uma questão absoluta de lógica, se o ser humano foi capaz de pensar e de criar a própria Inteligência Artificial, estará este mesmo cidadão adequadamente preparado para dar à sua criação um destino e uma utilização que não afete a sobrevivência da raça humana. Esta é minha crença.
DIVERSAS FORMAS DE USO
Creio que ainda nos encontramos numa etapa primária do que se poderá extrair da Inteligência Artificial. Essa ferramenta, pelos ensaios que temos observado, deve alcançar uma evolução extraordinária com o avançar dos tempos, sobretudo no caminho de descobrir as mais diversas e variadas formas de uso naquilo em que o ser humano até hoje não foi hábil de fazer, e não simplesmente retirar-lhe atribuição naquilo em que ele já se revelou capaz de executar.
PERIGOS
Muitos nutrem bastante esperança quanto a essa evolução, mas não são poucos os que, até mesmo no campo da ciência, têm grande dúvida sobre as práticas que podem ser desenvolvidas e aplicadas, face ao perigo que representam. O crescimento da importância, aumenta no mesmo nível do grau de preocupações com as consequências negativas de utilização dessas tecnologias.
Diante de riscos e efeitos prejudiciais, governantes e pesquisadores, e até mesmo dirigentes empresariais, passam a discutir os cuidados e a adotar medidas necessárias a mitigar resultados prejudiciais. Como a inteligência artificial envolve um processamento complexo que demanda grande quantidade de informação, constata-se que informar-se continuamente, e cada vez mais profundamente, passa a ser exigência extremamente necessária, de modo a fazer crescer o conhecimento sobre essa tecnologia e suas infinitas aplicações.
NOVO ALERTA
Recentemente, autoridades do mundo da tecnologia lançaram um novo alerta contra a inteligência artificial, advertindo sobre a possibilidade de essa tecnologia vir a tornar-se um risco existencial para a humanidade. Mais de mil pesquisadores, especialistas e executivos do setor de tecnologia lançaram uma carta aberta propondo uma pausa de seis meses no desenvolvimento de novas ferramentas no campo da IA.
Se pesquisadores e especialistas do setor fazem esse alerta, é porque certamente detém o conhecimento da existência de novas descobertas geradoras de preocupações. Têm-se muito presente nessas inquietações do mundo científico, desde a realidade sobre a perda progressiva de postos de trabalho, questões relacionadas à segurança e privacidade das pessoas, com implicações legais, éticas e sociais, até a possibilidade drástica do uso da IA nas guerras químicas, aumentando os riscos da corrida armamentista, num mundo que vive em permanente conflito.
CONFLITOS ARMADOS
E nesse terreno não estamos falando em mera possibilidade. Hoje em dia, em conflitos armados como a guerra Ucrânia/Rússia, e mais anteriormente, na guerra do Afeganistão, projetam-se robôs e drones autônomos com gigantesca capacidade de destruição, fugindo à capacidade de avaliação sobre os alvos a serem atingidos, o que pode ser fatal para crianças e civis que nada têm a ver com essas guerras.
É necessário inteligência e bom senso, para que não se utilize um avanço tecnológico formidável, em um mal irreparável para a humanidade.