Acne é fatal? Especialistas explicam motivos e quais tratamentos recorrer

A acne pode ser porta de entrada para bactérias altamente mortais

Cerca de 60% das meninas e 70% dos meninos sofrem com cravos e espinhas na puberdade. | Reprodução: Internet
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Um dos problemas dermatológicos mais comuns no Brasil, a acne é um problema que atinge mais de 90% dos adolescentes, no entanto, os adultos não estão livres dela. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o problema atinge 56,4% da população adulta. O incômodo gerado pela condição é o motivo que mais leva pessoas a buscarem tratamentos de pele. Embora seja um problema recorrente para muitos, a doença não deve ser levada com descaso ou pode trazer riscos à saúde.

Casos recentes ganharam o noticiário devido a negligência com a própria saúde. Como foi o caso de Jonathan James, um jovem americano que desenvolveu um quadro de acne severa após tomar anabolizantes. As inflamações eram tão grandes que chegava a causar dores horríveis ao deitar ou se reclinar em uma cadeira. Outro caso de grande repercussão foi da estudante de Biomedicina Dâmilly Beatriz da Graça, que morreu após contrair a super bactéria Staphylococcus aureus. Segundo sua mãe, a acne foi a porta de entrada para a infecção da filha.

O que é a acne?

A acne é uma doença que provoca lesões na pele, como cravos e espinhas. Entre os sintomas da acne também surgem vermelhidão, irritação e, em casos mais severos, dor. Isso ocorre devido a uma inflamação nas glândulas sebáceas (que produzem uma espécie de óleo, ou sebo) e nos folículos pilossebáceos — estruturas internas dessas glândulas onde nascem os pelos do corpo. O tratamento da acne varia de acordo com o grau do problema, a vai dos dermocosméticos ao popular Roacutan.

O que causa a acne?

Há várias causas por trás dessa inflamação. “Nos pacientes com tendência genética, ocorre uma alteração na composição do sebo que desencadeia a inflamação com maior facilidade”, exemplifica a dermatologista Ediléia Bagatin, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).  A questão é que enquanto na adolescência os homens são mais suscetíveis, devido ao pico de hormônios andrógenos, que são responsáveis pelo início do funcionamento das glândulas sebáceas, na idade adulta, as mulheres são mais propensas às oscilações hormonais e à acne.

Tipos de acne

  • Acne neonatal: durante a gestação, os hormônios passam para a criança pela placenta. Se o recém-nascido tiver uma predisposição genética, é possível que ele apresente espinhas. “Mas, em geral, não é preciso tratá-las. Elas regridem naturalmente em alguns meses”, tranquiliza Ediléia.
  • Acne infantil: hoje a comunidade médica já sabe que a própria glândula sebácea é capaz de produzir hormônios andrógenos em pequenas escalas. Por isso, crianças também estão suscetíveis a cravos e espinhas.
  • Acne da mulher adulta: mesmo após a adolescência, a população feminina está sujeita às espinhas por causa do fator hormonal. A genética e certos hábitos de vida contribuem para isso. E atenção: essa versão pode dar as caras mesmo entre quem não reclamava do problema na juventude.

Outras causas da acne

As alterações hormonais não são o único fator para o desenvolvimento da acne na idade adulta. Estresse, tabagismo, alimentação, uso de medicamentos, cuidados com a pele, exposição solar e à poluição e oleosidade são outros fatores de risco. Segundo o médico Renato Soriani, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), na adolescência, os locais mais acometidos são a região “T” da face (testa, nariz e parte superior das bochechas) e as costas.

Tratamento

Em quadros mais simples, nos quais há apenas cravos abertos, dá para resolver com dermocosméticos indicados pelo profissional de saúde. “Agora, quando são fechados, é preciso adicionar remédios. Em geral, começamos com um medicamento tópico e vamos avaliando a evolução”, relata a Ediléia. Dependendo da gravidade, também são receitados antibióticos orais ou de uso local (pomadas). Quando eles não controlam a inflamação, o médico não raro parte para a isotretinoína, conhecida pelo nome comercial Roacutan.

Embora haja muita polêmica em relação ao uso deste medicamento, devido aos seus efeitos colaterais, os especialistas afirmam que o tratamento é eficaz e seguro, desde que feito sob orientação e supervisão médica. Independentemente de ser tópico ou oral, é fundamental que o tratamento da acne seja prescrito por um dermatologista. Pode parecer preciosismo, mas a automedicação, mesmo com o uso de produtos tópicos pode envolver riscos. Os principais são: eczema, alergia, irritação, ressecamento excessivo e efeito rebote.

Prevenção da acne

Por estar ligada à ação hormonal e ao fator genético, não dá para evitar por completo. Porém, fugir daqueles fatores de risco é uma boa. Ou seja, controle o estresse, não fume, mantenha um estilo de vida saudável, não abuse do protetor solar e não mexa nas lesões. Busque o apoio de um especialista quando surgirem os primeiros sinais, principalmente se você sofreu com acne neonatal ou possui histórico familiar.

Outros cuidados incluem:

  • Manter a pele higienizada e hidratada, com produtos que controlam a oleosidade;
  • Não dormir com maquiagem;
  • Usar filtro soltar diariamente;
  • Fazer limpezas de pele periodicamente se houver muitos cravos.
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