A forma e a cor das fezes e a frequência de idas ao banheiro estão diretamente ligadas à nossa saúde intestinal e podem ser utilizadas para diagnosticar problemas como síndrome do intestino irritável, má alimentação ou incontinência fecal, além de serem um parâmetro para acompanhar a recuperação de cirurgias intestinais. Em situações normais, as fezes devem ter uma consistência macia, mas devem ser capazes de manter sua forma, que deve ser ligeiramente alongada.
O ideal é que a consistência e a forma não causem dor ou dificuldade para evacuar. Porém, pequenas variações são podem ser frequentes e podem acontecer sem indicar um problema, já que pode variar de acordo com os alimentos ingeridos. Para entender o que acontece dentro do organismo, o G1 ouviu três especialistas que explicam quatro pontos que devem ser considerados para avaliar a própria saúde.
1 - A alimentação
De acordo com Sérgio Alexandre Barrichello Júnior, endoscopista bariátrico, a evacuação está relacionada com a presença do bolo alimentar já digerido no intestino grosso. Ou seja, a qualidade e quantidade de alimento consumida influenciará o modo que a evacuação se dará.
Para Murilo, especialista em modulação intestinal, tudo pode ser resumido em: Descasque mais e desembale menos. Ele afirma que quanto mais naturais os alimentos, melhor o funcionamento intestinal. "Ao serem metabolizados pela microbiota intestinal, vão dar saúde e vitalidade para as células do intestino que geram a movimentação intestinal."
A nutricionista Mayara Rocha ressalta a importância das fibras. "É importante fazer a ingestão associada ao consumo de água, porque elas, junto da água, fazem com que as fezes saiam com mais facilidade, porque o intestino fica mais lubrificado", explica.
As fibras são classificadas de duas maneiras:
As solúveis se dissolvem em água e ficam mais tempo no estômago, aumentando a sensação de saciedade e hidratando as fezes, facilitando a evacuação. São encontradas na aveia, na cevada, no bagaço de frutas cítricas e em leguminosas;
As insolúveis não dissolvem na presença de água, gerando um aumento do volume das fezes e estimulando a movimentação do intestino, evitando a prisão de ventre. Elas estão nos cereais integrais, legumes, verduras e cascas de frutas.
2 - Digestão
Uma dieta rica em legumes e verduras proporciona um hábito intestinal mais regulado do que têm aqueles que comem bastante carne e alimentos ultraprocessados. Uma dieta rica em legumes e verduras proporciona um hábito intestinal mais regulado do que têm aqueles que comem bastante carne e alimentos ultraprocessados. Uma digestão ineficaz também se traduz em uma evacuação inadequada. Cada organismo é único e, portanto, tem os próprios desafios.
Alguns nutrientes são mais difíceis de serem digeridos para algumas pessoas, causando constipação (intestino preso), diarreia ou gases. Se a dieta for composta de carnes vermelhas e alimentos que se putrefazer muito, vai criar muitos gases e muitas vezes o intestino não vai trabalhar direito. Já se for composta por fibras e legumes, frutas, e tiver uma quantidade de líquido adequada, será mais fácil.
3 - Evacuação
O corpo dá sinais por meio das fezes. Murilo dá um exemplo que os donos de animais de estimação vão entender bem: “Quando o cachorro faz cocô mole, a gente ja se preocupa com o que ele comeu de errado. Quando isso acontece com o próprio adulto, em vez de entender como um aviso para mudar a alimentação, a pessoa procura um remédio". Para avaliar se a consistência das fezes está adequada foi criada a Escala de Bristol, que leva em consideração fatores como o formato, a umidade e a cor.
Fezes esbranquiçadas podem indicar problemas na vesícula biliar;
Fezes muito pretas podem indicar sangramento;
Fezes esverdeadas em crianças, especialmente durante a introdução alimentar, indicam Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV);
Fezes esverdeadas na fase adulta podem ser sinal de alguma parasitose;
Se é possível ver algum pedaço inteiro de alimento, há um problema de digestão.
4 - Probióticos e prebióticos
Probióticos são microrganismos vivos que auxiliam o funcionamento da microbiota intestinal. A nutricionista Mayara Rocha diz que eles são encontrados em alimentos como o leite fermentado, missô e kefir. Já os prebióticos ajudam na reprodução desses microrganismos. Entre os alimentos que auxiliam esse processo estão as fibras solúveis, presentes em alimentos como cebola, alho, banana e chicória.
Os probióticos agem melhorando a imunidade, fazendo com que o organismo seja mais tolerante a agentes que podem causar doenças e até mesmo alergias alimentares. Também são muito usados para tratar quadros persistentes de diarreia, principalmente após um período prolongado de uso de antibióticos, classe de remédios que destrói a microbiota intestinal. Já os prebióticos estimulam a reprodução dos probióticos, alimentando essas 'bactérias do bem' e facilitando a sua ação no organismo.