Uma das principais características do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é a dificuldade na interação social. É comum, ao interagir com pessoas autistas, notar que elas ficam alheias a conversas ou são sensíveis ao toque, em que um abraço pode não ser a melhor opção para o cumprimento. Mas dependendo do grau do autismo, pessoas que nascem com esse transtorno podem realizar todo tipo de atividade na sociedade.
De acordo com a psicóloga Natália Vidal , alguns cuidados precisam ser levados em consideração ao relacionar-se com uma pessoa autista. “Devemos ficar atentos ao toque. Tem alguns autistas que têm alteração sensorial tátil, sendo, portanto, difícil e dolorido receber um abraço. Outros têm hipersensibilidade ao barulho, então é importante evitar gírias e figuras de linguagem, pois geralmente o autista entende de forma literal”, ressalta a especialista.
Para conseguir interagir com uma pessoa autista é preciso buscar informações sobre o transtorno e se incluir no mundo em que ele vive. “O autista, apesar das suas limitações, precisa se sentir amado e compreendido. Procure olhar sempre nos olhos dele ao conversar, abaixe-se quando necessário para ficar na mesma altura, fale claro e pausadamente, essas são algumas ações importantes na hora da comunicação”, destaca Natália.
A psicóloga orienta ainda a importância de elogiar as ações em que o autista tenha um bom desempenho. “Uma forma de incentivar a interação social é usar reforçadores positivos sociais diante de um comportamento adequado dele como elogiar, bater palmas ou sorrir”, destaca a especialista. Ainda de acordo com a psicóloga, dependendo do nível de compreensão do autista, as habilidades sociais podem ser trabalhadas de acordo com cada idade. “Em um adolescente por exemplo, assuntos referentes às relações interpessoais, família, namoro e emoções podem ser abordados”, afirma Natália.
Incentivar a fala ajuda no processo de comunicação
A fala é uma das principais formas de comunicação do ser humano. Mas para um indivíduo que possui autismo, essa forma de comunicação pode ter atrasos significativos. Por isso, estimular a criança desde cedo é importante para o processo de desenvolvimento. E profissionais especializados são fundamentais para a evolução da criança.
“Por se tratar de um distúrbio neurológico, a criança com autismo, desde os primeiros sinais, deve iniciar acompanhamento multiprofissional com neuropediatra, terapeuta ocupacional, psicólogo e fonoaudiólogo com o propósito de desenvolver habilidades cognitivas necessárias para utilizar nas atividades diárias e desenvolver uma vida normal”, ressalta a fonoaudióloga Jussana Ribeiro.
O diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista é primordial para o desenvolvimento da fala, que com estímulos pode ser desenvolvida. “A primeira ação é o diagnóstico o mais cedo possível junto a equipe de especialistas, que darão ferramentas para desenvolver melhor o atraso da fala. Apesar do fator neurológico, quanto mais a criança é exposta a estímulos, mais ela será capaz de ter melhores resultados”, enfatiza a fonoaudióloga.
A especialista destaca ainda algumas ações que podem ser adotadas pelos pais ou cuidadores e que ajudam a incentivar a fala da criança autista no dia a dia:
- Considere todo som emitido como forma de comunicação
- Elabore e fale frases curtas e de fácil entendimento, como por exemplo: “beber água” (sempre demonstrando a atividade falada)
- Associe a fala a algo que chame atenção da criança
- Comemore sempre com a criança quando ela conseguir desempenhar algo proposto
- Procure manter contato visual com o filho autista todas as vezes que falar com ele