Butantan inicia desenvolvimento de vacina pra gripe aviária; entenda riscos

Os testes estão sendo realizados com cepas vacinais que foram cedidas pela OMS e o primeiro lote já está pronto para o início dos testes pré-clínicos

Segundo o Butantan, a vacina começou a ser desenvolvida por conta da preocupação de que ela possa se tornar uma nova pandemia | Reprodução: Internet
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O Ministério da Agricultura publicou nesta última segunda-feira (22), na edição extra do Diário Oficial, a Portaria 587, na qual declara estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional por 180 dias. A medida ocorre em função da detecção de casos de infecção pelo vírus da influenza aviária H5N1 de alta patogenicidade (IAAP) em aves silvestres no Brasil. No documento, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, prorroga por tempo indeterminado a vigência da Portaria 572, que estabelece em todo o País medidas preventivas contra o ingresso e a disseminação da influenza aviária de alta patogenicidade.

Com a disseminação da doença no Brasil, o Instituto Butantan começou a desenvolver uma vacina contra a gripe aviária. O processo ocorre desde janeiro deste ano. Segundo o instituto, os testes estão sendo realizados com cepas vacinais que foram cedidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o primeiro lote já está pronto para o início dos testes pré-clínicos, ou seja, testes em laboratório. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, no dia 15 de maio foram registrados os primeiros casos confirmados da doença em aves marinhas e silvestres.

Segundo o Butantan, a vacina começou a ser desenvolvida por conta da preocupação de que ela possa se tornar uma nova pandemia. O Instituto atua para preparar o país no enfrentamento de potenciais pandemias, como ocorreu no desenvolvimento e disponibilização de vacinas para Covid-19 nos últimos anos.

O que é a gripe aviária?

A gripe aviária é uma doença infecciosa que acomete aves e é provocada pelo vírus influenza. Existem quatro tipos de vírus influenza: A, B, C e D. A gripe aviária é causada apenas pelo influenza tipo A. Esse tipo de vírus é responsável por epidemias sazonais, bem como grandes pandemias. Ele apresenta diferentes subtipos que infectam aves, sendo o H5 e H7 os que apresentam maior patogenicidade.

Além do influenza tipo A, o influenza tipo B e tipo C também infectam seres humanos. O influenza tipo B também está relacionado com epidemias, mas o tipo C, não. Já o tipo D acomete bovinos e suínos e foi diagnosticado nos Estados Unidos, em 2011, mas não é capaz de infectar humanos. Aves selvagens constituem reservatórios naturais do vírus que provoca gripe aviária, principalmente aves aquáticas, como patos e marrecos. Tais aves podem contaminar aves domésticas, principalmente quando estas são criadas livres. As excreções das aves selvagens podem contaminar os reservatórios utilizados pelas aves domésticas, ou a contaminação pode ocorrer por compartilharem o mesmo reservatório.

A gripe aviária pode contaminar seres humanos?

Apesar de ser uma situação rara, o vírus responsável pela infecção em aves pode eventualmente acometer seres humanos, podendo provocar doença com baixa gravidade ou até doença grave. O homem se infecta com o vírus quando apresenta contato próximo e frequente com a ave infectada. Tanto as pessoas quanto as aves se infectam devido à ingestão ou inalação do vírus, o qual está presente em secreções e fezes de aves infectadas.

Muitas cepas diferentes podem ser responsáveis por infectar seres humanos, sendo esse o caso da H7N9 e da H5N1. Essa última cepa é responsável por desencadear sintomas como febre, dor muscular, dor de cabeça, tosse, secreção excessiva do nariz e das fossas nasais (rinorreia), dores abdominais, vômito e diarreia. A primeira epidemia de gripe aviária de que se tem conhecimento ocorreu em 1997, em Hong Kong. Essa epidemia foi responsável por 18 hospitalizações e 6 mortes. Em 2003, mais dois casos da doença foram diagnosticados, novamente em Hong Kong. Uma pessoa veio a óbito nessa ocasião. A partir de 2003, observou-se um aumento das infecções em humanos.

Medidas de controle contra a gripe aviária

Para controlar a gripe aviária, é importante que os casos de aves doentes sejam notificados e essas aves sejam rapidamente sacrificadas. É importante também garantir que as aves que tiveram contatos com as aves doentes tenham o mesmo destino. O descarte dos animais mortos deve ser feito adequadamente e a granja deve ser desinfectada. Além disso, deve ser interrompido o transporte de aves vivas em regiões de surtos. Para fins de investigação, é necessário realizar exames nas aves doentes a fim de identificar o tipo de influenza que provocou a doença. Ademais, é fundamental identificar os casos de gripe aviária em seres humanos e isolar os doentes.

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