Cirurgias plásticas combinadas: Risco ou praticidade?

O assunto chamou mais atenção depois da empresária Viviane Lira Monte, de 24 anos, morrer recentemente.

Cirurgião plástico, Davis Barbosa | Reprodução
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Com o avanço da medicina estética, as cirurgias plásticas combinadas têm se tornado cada vez mais populares entre aqueles que buscam um resultado mais abrangente em menos tempo. No entanto, especialistas alertam para os riscos e cuidados que devem ser considerados antes de embarcar nessa jornada. O assunto chamou mais atenção depois da empresária Viviane Lira Monte, de 24 anos, morrer recentemente após passar por seis cirurgias plásticas ao mesmo tempo no Ceará.

De acordo com o cirurgião plástico, Davis Barbosa, é comum a combinação de várias cirurgias plásticas ao mesmo tempo, assim como a combinação de cirurgias plásticas com outras cirurgias afins, em especialidades diferentes. 

“Combinar mamoplastia, lipoaspiração e abdominoplastia é a prática diária da maioria dos cirurgiões plásticos. A associação da abdominoplastia com laqueadura tubária (ligadura das trompas) ou com histerectomia (retirada do útero) é muito frequente. Assim como a associação de cirurgia de vesícula e cirurgias plásticas diversas”, exemplifica o médico.

Segundo Davis, não há um limite em termos de número de cirurgias, até porque esta conta não é tão simples. “No abdome, por exemplo, quase sempre se combinam abdominoplastia e lipoaspiração, mas se trata de uma cirurgia apenas ou de duas? Por outro lado, a lipoaspiração do corpo inteiro contaria como uma apenas ou cada parte do corpo seria uma cirurgia a ser contada? Estas particularidades impedem uma contagem simples e direta, o que resulta numa falta de padronização”, afirma.

O médico frisa que, cirurgias longas ou múltiplas realizadas dentro dos limites de segurança não apresentam riscos aumentados de complicações ou morte. Contudo, ultrapassados certos limites, que são variáveis a depender das condições de saúde da paciente e da complexidade das cirurgias realizadas, podemos observar: 

  • Aumento da chance de trombose venosa;
  • Infecção; 
  • Hipotermia; 
  • Diminuição da coagulação do sangue;
  • Alteração dos sais componentes do sangue;
  • Anemia;
  • Hidratação excessiva ou desidratação, entre outras.

Geralmente o tempo de recuperação não muda: é o tempo necessário para recuperar-se da cirurgia de mais alta complexidade. 

“A associação com outras cirurgias de complexidade igual ou menor não aumenta este tempo. Por outro lado, a intensidade da recuperação é notadamente maior. Dá muito mais trabalho cuidar de cirurgias realizadas nas mamas, costas, abdome, coxas e braços do que em apenas uma destas áreas; assim como também traz mais desconforto e dor. Pode ser necessário o uso de mais medicamentos analgésicos, a mobilidade é diminuída, assim como exige mais apoio familiar” explica Davis.

Para o cirurgião, diante de um quadro tão difícil de padronizar, é importante empregar o bom senso. 

“A evolução das técnicas cirúrgicas e anestésicas, o apoio mais próximo e precoce de fisioterapeutas e enfermeiras e a maior capacidade de entendimento e acesso a informações de saúde por parte das pessoas leigas leva a uma falsa sensação de que tudo é possível. Além disso, há uma grande pressão por parte das pacientes em busca de resultados cada vez maiores e em menos tempo, pois ‘ninguém tem tempo a perder’. O cirurgião é sempre o responsável por resguardar a saúde e a vida das suas pacientes e deve agir de acordo com estas premissas em cada momento da sua atividade médica, inclusive se recusando a realizar procedimentos que vão além dos seus limites estabelecidos", ressalta Davis Barbosa.

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