Como identificar abuso ou má conduta do médico em exames ginecológicos - Abuso em exames gera prejuízos psíquicos

Exames ginecológicos são imprescindíveis para detectar ou prevenir inúmeras doenças - Abuso em exames gera prejuízos psíquicos

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Abuso em exames gera prejuízos psíquicos

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Procurada pela reportagem, o Conselho Federal de Medicina (CFM), ainda não informou se há relatos de denúncia feito por mulheres que se sentiram negligenciadas durante um exame ginecológico. Se houver resposta, ela será acrescentada no texto.

Para Joel Rennó Júnior, diretor do Programa de Saúde Mental da Mulher do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas de São Paulo, as mulheres são vistas como poliqueixosas, um jargão médico usado para definir o comportamento da paciente que reclama de alguma coisa que não aparece em exames.

"Mas essas queixas ocorrem quando há um histórico de violência que, muitas vezes, não pode ser verbalizado", alerta o especialista, que também é professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Esse comportamento, segundo Júnior, deve ser compreendido pelo profissional que está realizando o exame ginecológico, porque, muitas vezes, ao ser tocada, a mulher pode ter uma crise de pânico, relatar dor, começar a tremer, entre outros sintomas. O resultado de uma violência durante a realização de um exame, seja física ou verbal pode trazer sérios agravos à sua saúde mental.

"É claro que a violência física sexual choca bem mais, porém, nós vemos muitos médicos e até médicas fazendo uma violência psicológica mesmo. Às vezes, humilham a paciente, desqualificam, chamam a atenção com agressividade, ou acham que ela está se queixando demais de uma dor. Então falta sensibilidade", avalia Júnior.

Entre os principais problemas de saúde mental que podem ser desencadeados nesses casos estão:

- Lembranças constantes do ocorrido;

- Sentimento de negação ou culpa: quando ela finge que esqueceu, que nada aconteceu ou se culpa;

- Transtorno do estresse pós-traumático (TEPT);

- Sentimento de impotência: quando se arrepende de não ter falado nada na hora do abuso;

- Aumento da ansiedade;

- Isolamento social;

- Alterações de humor, irritação;

- Intimidação social, dificultando relacionamentos amorosos, por exemplo.

"Muitas vezes essas mulheres são pré-julgadas e as pessoas, infelizmente, desqualificam o depoimento dessas vítimas de violência", lamenta o professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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