Você conhece o transplante de fezes? Esse procedimento médico, também conhecido como transplante fecal, tem como principal característica transplantar fezes saudáveis de um doador para o intestino de um receptor. Estranho, não? Mas a prática tem como objetivo repovoar o intestino da pessoa doente com bactérias saudáveis, promovendo assim o equilíbrio da microbiota intestinal.
Pode parecer nojento, mas há benefícios, porém quando feito por especialistas. O que tem desencadeado um novo problema é que as pessoas estão adotando o procedimento em casa, é o que abordou o documentário chamado “Designer Shit”.
Saffron Cassaday, uma diretora que mora no Canadá e sofria de colite ulcerosa há quase uma década, descobriu o procedimento após ler pesquisas que falavam que o transplante teria potencial para tratar sua condição. Como o procedimento não é liberado para casos de colite ulcerosa, ela convenceu o namorado a ser seu doador e resolveu o problema por conta própria, inserindo o material diretamente no reto.
Inicialmente, Saffron conta que percebeu uma melhora, mas depois de seis semanas os sintomas retornaram. Uma colonoscopia após dois meses mostrou que, embora os sintomas tivessem retornado, seu cólon estava muito mais saudável do que antes dos transplantes fecais. Então, ela continuou com o tratamento caseiro e chegou a fazer um total de cerca de 200 ao longo de dois anos.
Para qual doença o transplante é usado?
O transplante de fezes é usado para tratar infecções recorrentes por Clostridium difficile (C. difficile), uma bactéria que pode causar diarreia grave e outros problemas gastrointestinais. A ideia por trás do procedimento é introduzir uma variedade saudável de bactérias intestinais para competir com e suprimir o crescimento da C. difficile. Embora o transplante de fezes seja considerado seguro e eficaz para tratar certas condições, ainda é uma área de pesquisa ativa, e os médicos estão explorando seu potencial.
Risco do transplante caseiro
Os casos como os de Saffron Cassaday e um conjunto de pesquisas publicadas têm desencadeado vários vídeos nas redes sociais sobre como as pessoas podem fazer seus próprios tratamentos em casa. No entanto, esta abordagem caseira pode trazer sérios riscos.
Antes de um transplante fecal ser realizado, os possíveis doadores passam por uma triagem rigorosa de suas fezes e sangue em busca de bactérias ou vírus potencialmente nocivos que possam prejudicar ainda mais o paciente. Mas no transplante caseiro, a pessoa geralmente coleta amostras de fezes de parceiros, familiares ou amigos próximos, acreditando que estão saudáveis.
No entanto, essas pessoas não terão conhecimento de quaisquer fatores ocultos que possam causar complicações. Além disso, esse procedimento é realizado em ambiente médico e as fezes do doador passam por um adequado manejo, sendo misturada com uma solução salina antes de ser inserida no paciente.
Isso geralmente ocorre por meio de um enema, cápsulas orais, colonoscopias ou endoscopias superiores. Em casa, não há esse cuidado e os riscos, especialmente de infecção, existem. Sem falar de outros efeitos adversos e potenciais consequências a longo prazo, que nem sequer conhecemos ainda.