Você costuma consumir muito açúcar e já sentiu tontura após comer um doce? Ou então experienciou a sensação de zumbido no ouvido? Isso ocorre porque alterações no metabolismo do açúcar podem ter um impacto significativo na saúde da orelha interna, afetando nosso sistema auditivo e equilíbrio e resultando em uma variedade de sintomas incômodos.
A médica otorrinolaringologista Nathália Prudencio, em entrevista ao Terra, explicou que a orelha interna, especialmente o labirinto, possui uma atividade metabólica intensa e alta demanda de energia. Isso a torna particularmente sensível a alterações no metabolismo do corpo.
“Quando os níveis de glicose e insulina no sangue estão desequilibrados, por exemplo, após o consumo exagerado de doces, a composição e a quantidade da endolinfa, o líquido dentro do labirinto, podem ser afetadas. Essa alteração pode causar sintomas como zumbido, sensação de ouvido tapado, perda de audição e tontura”, diz.
HIPOGLICEMIA
A médica explica que, além de casos de hiperglicemia, quando os níveis de açúcar no sangue estão muito altos, episódios de hipoglicemia, isto é, a baixa concentração de glicose sanguínea, também podem afetar a orelha interna, embora mais raramente.
“Um estudo com 376 pacientes suspeitos de terem alterações no metabolismo de carboidratos que afetam a orelha interna revelou que muitos relataram incômodo com sons altos e sensação intermitente de ouvido tapado. Além disso, alguns pacientes experimentaram uma sensação de flutuação e vertigem, sintomas relacionados ao equilíbrio”, comenta a médica.
Pacientes com histórico de alimentação irregular, consumo excessivo de carboidratos de rápida absorção, doces e alimentos ricos em farinha branca (como pães e massas), ou aqueles que passam por longos períodos de jejum tendem a relatar esses sintomas. “Histórico familiar de diabetes ou diabetes mal controlada também são fatores comuns”, acrescenta.
TRATAMENTO E AJUSTES ALIMENTARES
O tratamento inclui, segundo a especialista, alguns ajustes nos hábitos alimentares dos pacientes, como redução do consumo de carboidratos, especialmente aqueles que contêm farinha branca, diminuição da ingestão de açúcar refinado e doces e realização de refeições em intervalos regulares.
“Além disso, a inclusão de atividade física na rotina é fundamental, pois ajuda a reduzir os níveis de glicose e insulina no sangue. Pode ser necessário também o acompanhamento com um endocrinologista e um nutricionista, que podem fornecer um controle mais detalhado e orientações personalizadas para cada paciente”, explica Nathália.