Seguir uma alimentação vegana, aquela que exclui o consumo de alimentos de origem animal, tem sido a opção seguida por muita gente. Do ponto de vista ideológico é uma escolha louvável, mas nem sempre se trata de uma alimentação saudável, ao contrário do que muitos acreditam. Para ajudar a esclarecer isso, a nutróloga Marcella Garcez, a nefrologista Carolina Reigada e a farmacêutica Maria Eugênia Ayres, em entrevista ao Sport Life, trazem quatro mitos e verdades sobre alimentação vegana.
Elas começam desfazendo o mito de que a alimentação vegana é 100% saudável e deixam claro que, dependendo das escolhas que a pessoa fizer, ela pode ser bastante prejudicial à saúde. “Muitos desses produtos produzidos a partir de plantas, especialmente as carnes são considerados alimentos ultraprocessados, isto é, são formulações industriais fabricadas a partir de substâncias extraídas ou derivadas de outros alimentos, no caso, as plantas e sintetizadas em laboratório, como corantes, aromatizantes, conservantes e aditivos”, explica Marcella.
Para a nutróloga, a melhor alternativa para quem quer eliminar os produtos de origem animal da alimentação é apostar nas preparações caseiras de alimentos vegetais in natura. “O processamento é o que torna tais alimentos mais agradáveis ao paladar e similares aos produtos que se propõem a substituir, mas também é o que faz com que não sejam tão saudáveis quanto os alimentos in natura, podendo aumentar o risco de certos problemas de saúde, como obesidade, colesterol e doenças cardiovasculares. É importante prestar atenção ao que você está comprando e entender como aquele produto foi fabricado e o que traz em sua composição”, completa.
Dieta vegana faz o cabelo cair?
Já nesse caso, isso é um mito, segundo as profissionais consultadas. Segundo elas, uma dieta vegana bem estruturada não prejudica a saúde e o crescimento dos fios. “No entanto, falta de proteínas, ferro, zinco e vitaminas podem ocasionar eflúvio telógeno, ou seja, a queda dos fios. Quando pensamos em construção do fio de cabelo, dois aminoácidos essenciais são mais relevantes: a metionina e a lisina. Por isso, a dieta vegana precisa contar com alimentos fontes desses aminoácidos, como feijão, lentilha, brotos, soja, grão de bico, quinoa, amêndoa, nozes e castanha-do-Pará. A tradicional combinação brasileira de feijão com arroz é eficiente porque garante os dois: o arroz é rico em metionina e deficiente em lisina, enquanto o feijão é rico em lisina e deficiente em metionina”, disse.
Dieta vegana protege os rins?
Essa é uma verdade e um dos benefícios para quem pratica o veganismo. “Uma alimentação baseada em verduras, legumes e grãos está associada à diminuição de fatores de risco relacionados à doença renal. Isso acontece porque há um maior aporte de fibras e antioxidantes na dieta. Esses nutrientes ajudam o corpo contra componentes inflamatórios e o estresse oxidativo. Além disso, a dieta vegana reduz o risco de hipertensão, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica, três problemas que são altamente relacionados com doenças renais”, falou a nefrologista.
Cosméticos veganos são fracos?
Isso não é verdade, segundo a farmacêutica Maria Eugênia. “Os benefícios dos cosméticos veganos são os mesmos que os tradicionais. Eles ajudam a hidratar, retardar sinais de envelhecimento e fazer tudo aquilo que os convencionais fazem, mas sem utilizar produtos de origem animal. Para isso, utilizam equivalentes químicos e vegetais, garantindo os cuidados da pele e da beleza”, afirma.