Doação de sangue: saiba quem pode ou não doar - Como surgiu a transfusão de sangue?

O Brasil conta com cerca de 100 hemocentros em todo o país e para doar o voluntário precisa ir a um portando documento oficial com foto. - Como surgiu a transfusão de sangue?

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Como surgiu a transfusão de sangue?

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Em um passado não muito distante, o sangue era comercializado no Brasil. Era uma época em que cerca de 80% das doações eram remuneradas, segundo especialistas. Isso criou nas pessoas a ideia de gratificação pela doação, o que atraiu grupos de pessoas de classes sociais mais pobres à procura de retorno financeiro.

Essa prática remunerada gerava diversos problemas sociais, éticos, econômicos e sanitários. Um deles é que, a princípio, essas pessoas eram mais vulneráveis e tinham mais problemas de saúde que a média da população, com menos acesso à assistência médica e taxas mais elevadas de doenças infecciosas ou crônicas. A remuneração poderia levar ainda à exploração econômica dessa parcela da população.

Em alguns países, havia também aqueles doadores que omitiam comportamentos de risco para garantir a doação e, por consequência, a remuneração. Inclusive doando mais do que poderiam, colocando sua saúde em risco.

Estudos apontam que sistemas de doação com recompensa financeira tinham uma taxa muito mais elevada de sangue com diagnóstico positivo de doenças infecciosas nos testes realizados em cada amostra doada. Além disso, muitos doadores dizem que a remuneração seria um desincentivo ético à prática.

Ou seja, pesquisas ao longo de décadas indicam que a doação voluntária eleva tanto a segurança do sangue doado quanto a quantidade de doações. Com a nova Constituição, em 1988, o Brasil proibiu o pagamento por doações de sangue.

Mas toda essa história começou três séculos antes. A circulação sanguínea começou a ser compreendida somente em 1606, por um médico inglês chamado William Harvey, que queria entender o funcionamento do coração. Apesar disso, a primeira transfusão de sangue efetiva foi feita 60 anos depois por outro médico inglês, Richard Lower. O procedimento foi feito com outros animais.

Duas das primeiras transfusões de sangue humano documentadas ocorreram em 1795, por meio do médico americano Philip Syng Pysik, e em 1808, com o médico inglês James Blundell.

Mas os tipos sanguíneos (dado essencial para transfusões) só seriam descobertos um século depois, em 1900, com o imunologista americano Karl Landsteiner. Ao entender o funcionamento dos tipos A, B e O, ele percebeu ali que não se deve misturar sangues incompatíveis. A pesquisa lhe renderia um Prêmio Nobel.

É nesse momento que a hemoterapia (tratamento com uso de sangue) entra em sua fase mais científica, e menos empírica, segundo especialistas.

Mas como estocar o sangue doado sem soluções anticoagulantes, até então inexistentes? A saída foi transferir diretamente de um braço para outro. E apenas quando foi inventada uma solução anticoagulante à base de citrato de sódio é que se pode pensar em criar bancos de sangue com estoques mais duradouros. O primeiro serviço de transfusão foi feito na Guerra Civil Espanhola (1936-39).

Havia ainda outro obstáculo às transfusões: o fator RH (rhesus), que seria descoberto na década de 1940. Uma pessoa com sangue Rh negativo só pode receber doação de sangue Rh negativo, por exemplo, para não haja formação de anticorpos depois da transfusão.

O tipo O negativo é considerado o doador universal (pode ser recebido por pessoas com qualquer tipo sanguíneo), e correspondeu a 7 em cada 100 doações em 2019 no Brasil. Os dois tipos mais doados naquele ano no país foram O positivo (43 a cada 100) e A positivo (32 em cada 100).

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