A água com gás é uma opção comum entre aqueles que preferem não consumir bebidas alcoólicas ou refrigerantes, já que o sabor mais amargo e o gás quebram um pouco a monotonia da água. Mas afinal, por conter gás carbônico, assim como os refrigerantes, a água com gás faz mal? Com essa pergunta surgem diversos mitos, como uma suposta presença a mais de sódio, o que poderia fazer mal aos rins, até mesmo um potencial para estragar os dentes. Mas será que alguma dessas afirmações é verdade?
Em primeiro lugar, vale salientar que essa bebida nada mais é do que água com gás carbônico e traz duas variações: as naturais e as industrializadas. "As águas naturalmente gaseificadas geralmente são encontradas em regiões com fontes termais. Um dos motivos para isso é que as rochas desses locais se decompõem devido ao calor que vem do centro do planeta e se combinam com a água dos lençóis freáticos", explica João Guilherme Rocha Poço, professor de engenharia química da FEI.
As artificiais dependem de um processo que irá adicionar gás carbônico ao líquido. Isso é feito injetando gás pressurizado na água, sem qualquer processo adicional. Tanto que existem máquinas portáteis capazes de fazer esse procedimento de forma rápida e simples em casa. Uma das preocupações sobre a água com gás é uma suposta presença adicional de sódio. Devido a essa substância, se consumida em excesso, pode causar problemas de saúde. Muito sódio no organismo pode causar problemas no sistema urinário, como a formação de pedras nos rins, e também favorece o aparecimento de problemas cardiovasculares, como a hipertensão.
Água com gás nada mais é do que água com gás carbônico. De forma geral, ela tem as mesmas características da água convencional e o fato de ter gás não faz ela ter mais sódio ou prejudicar os dentes. No entanto, esse tipo de bebida não tem, necessariamente, mais sódio do que a água comum. Não há adição de sódio ou sais nesse processo de gaseificação. Entretanto, mesmo nas águas normais, podemos identificar variações na concentração de sódio entre diferentes marcas. Isso se deve às diferenças nas fontes e nos solos de sua origem. Essas diferenças são mínimas e não há impacto na saúde.
A bebida querida e odiada por muitos também não afeta os dentes. "Hoje sabemos que o seu consumo não afeta a saúde dos dentes ou qualquer outro órgão. Entretanto, as sodas e refrigerantes gaseificados podem ser prejudiciais [por causa do açúcar]", complementa Pamponet. O consumo da bebida, porém, requer atenção de pessoas com problemas gástricos, já que o processo de gaseificação da água gera ácido carbônico. Mesmo se tratando de um ácido fraco, ele promove uma leve alteração no pH da água, que fica mais ácida e pode causar desconforto se consumida em grande quantidade por pessoas com esse tipo de quadro.
"Caso haja flatulência e empachamento gástrico, é melhor evitar o seu consumo", diz Antônio Guilherme Monteiro, gastroenterologista no Hospital Dia Campo Limpo, gerenciado pelo Cejam (Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim") em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Monteiro também reforça uma orientação que vale para todo tipo de líquido: a de não beber durante as refeições. "Não devemos tomar líquido quando comemos, menos ainda com gás, pois aumenta o volume e causa plenitude gástrica". Fora isso, a água com gás pode ser consumida livremente e traz todos os benefícios de sua versão sem gás.