Um recém-estudo publicado na revista Molecular Psychiatry descobriu um sintoma inicial do Alzheimer que anuncia o problema cognitivo anos antes dele ocorrer. A pesquisa parte de um esforço em conjunto que neurocientistas têm feito na descoberta de novos sintomas da enfermidade, para que possam ser diagnosticados antes do início da deterioração cognitiva.
O Alzheimer é a forma mais conhecida da demência e afeta mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Por se tratar de um distúrbio em que há perda de memória que ocorre de forma gradual, a primeira coisa que as pessoas com essa condição costumam esquecer são os acontecimentos que acabaram de vivenciar ou as conversas recentes.
O estudo descobriu que a fase inicial no processo de desenvolvimento da doença de Alzheimer parte de aumento metabólico numa parte do cérebro chamada hipocampo. As alterações no metabolismo podem ser observadas antes das placas amiloides se acumularem no cérebro. A descoberta do Instituto Karolinska, na Suécia, abre a porta para potenciais novos métodos de intervenção precoce.
Mais detalhes do estudo
De acordo com os autores do estudo, foi demonstrado que um aumento metabólico nas mitocôndrias do hipocampo, uma estrutura que desempenha um papel importante na memória de curto prazo e é afetada nas fases iniciais do processo patológico, é um indicador precoce de doença.
As equipes utilizaram ratos que desenvolveram a patologia da doença de Alzheimer de forma semelhante aos humanos. O aumento do metabolismo em ratos jovens foi seguido por alterações sinápticas causadas pela perturbação do sistema de reciclagem celular (um processo conhecido como autofagia).
Metabolismo cerebral é a chave
Com o tempo, o metabolismo no cérebro da pessoa com Alzheimer diminui frequentemente, contribuindo para a quebra das sinapses. Os pesquisadores também conseguiram observar isso em camundongos mais velhos, que apresentavam a doença há mais tempo.
Ao aplicar a técnica de sequenciamento de RNA para verificar quais genes estão ativos nas células do hipocampo durante as diferentes fases da doença, os pesquisadores descobriram que um dos primeiros estágios da doença de Alzheimer é o aumento do metabolismo mitocondrial. Os pesquisadores agora querem testar se novas moléculas que estabilizam a função mitocondrial e autofágica podem retardar a doença.