Pesquisadores identificaram 33 diagnósticos que não eram ligados às bebidas alcoólicas previamente. No estudo recentemente publicado na revista científica Nature Medicine, os pesquisadores analisaram dados provenientes do China Kadoorie Biobank (CKB), um extenso banco de dados colaborativo que contém informações de 512 mil adultos no país asiático. Esses participantes foram recrutados entre os anos de 2004 e 2008.
"O consumo de álcool está negativamente relacionado a uma gama muito mais ampla de doenças do que foi estabelecido anteriormente, e nossas descobertas mostram que essas associações provavelmente são causais”, afirmou o pesquisador de Oxford e principal autor do estudo, Pek Kei Im, em comunicado.
Os pesquisadores examinaram os registros hospitalares e os relatos de consumo de bebidas alcoólicas fornecidos ao longo de um período de 12 anos. Além disso, eles conduziram uma análise genética para determinar se havia uma ligação direta entre o consumo de álcool e o desenvolvimento de certas doenças.
Na amostra estudada, aproximadamente um terço dos homens (33%) relatou consumir álcool regularmente, o que significa pelo menos uma vez por semana. No caso das mulheres, apenas 2% delas relataram consumir bebidas alcoólicas com essa frequência. Portanto, as conclusões do estudo são aplicáveis exclusivamente aos riscos associados aos homens. Os pesquisadores mencionam que, devido ao baixo número de mulheres consumidoras de álcool relatadas na amostra, não houve poder estatístico suficiente para identificar quaisquer associações entre o consumo de álcool autorrelatado e os riscos de doenças.
No estudo, foram analisadas 207 doenças em relação ao consumo de álcool. Os pesquisadores descobriram que as bebidas alcoólicas estão associadas a um risco aumentado em 61 dessas doenças. Surpreendentemente, apenas 28 delas já eram previamente reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como relacionadas ao consumo de álcool, enquanto 33 são inéditas.
Embora o estudo tenha uma abordagem observacional, em que os pesquisadores apenas relacionaram a incidência de certas doenças com o consumo de álcool, eles argumentam que é possível estabelecer uma relação de causa e efeito devido à análise genética realizada. Por essa razão, eles afirmam que o consumo de bebidas alcoólicas foi responsável por uma grande parte dos diagnósticos feitos.
“Beber diariamente foi associado a riscos 30-40% maiores de câncer relacionado ao álcool e cirrose hepática, em comparação com o consumo não diário. Da mesma forma, o consumo episódico pesado (como intensamente durante o fim de semana) foi associado a riscos maiores de diabetes (23%) e DIC (Doenças Isquêmicas do Coração, 11%), enquanto beber fora das refeições foi associado a um risco 49% maior de problemas hepáticos de cirrose do que beber com as refeições”, dizer os pesquisadores.