No domingo (27), Fausto Silva, 73 anos, realizou transplante de coração, após passar sete dias na fila de espera do SUS. A cirurgia, realizada no Hospital Israelita Albert Einstein, segundo a equipe médica, foi bem sucedida e durou 2h30. O apresentador sofria de insuficiência cardíaca e estava internado desde o dia 5 de agosto tratando o problema e fazendo diálise.
O pouco tempo de espera pelo novo coração fez com que muitas pessoas questionassem os critérios que tornaram o apresentador prioritário na fila. Uma das teorias foi a de que a família do paciente havia pago para conseguir realizar a cirurgia em tempo célere. Segundo o médico cirurgião cardiovascular, especialista pela Sociedade de Cirurgia Cardiovascular, Dr. José Pedro Esteves Dias, este argumento não se sustenta.
“Todo paciente que tem insuficiência cardíaca, e está naquela fase de aguardar o órgão para transplante cardíaco, fica em ambiente domiciliar aguardando. Mas quando o paciente piora, o caso se complica, ele vai para o hospital. No caso do Faustão, ele teve uma piora muito, muito considerável. Nesse caso é independente de ser Faustão ou a instituição Albert Einstein. Até porque, lá no próprio Einstein existe um programa vinculado ao SUS pela própria filantropia que o hospital tem, onde existem enfermarias de pacientes que estão na lista de transplante”, explica o médico, em entrevista ao site O Fuxico.
“Faustão estava com um quadro muito, muito grave. Além de estar internado ele teve que ser conduzido a UTI e começou a fazer falência de múltiplos órgãos e sistemas. E quando você se encontra nessa situação, não é o dinheiro, mas sim a urgência pois, caso contrário, o paciente vai morrer”, completou.
Dinheiro não compra prioridade
Existe uma série de critérios de compatibilidade que precisam ser respeitados para que o paciente receba o novo órgão. E é impossível burlar essas regras, já que o próprio corpo do paciente rejeitaria o órgão incompatível. Dr. José Pedro, em outra entrevista ao O Fuxico, explicou como é o funcionamento do Sistema Nacional de Transplante.
“Funciona da seguinte forma: se entrou um doador, que tem condições de doar os seus órgãos e a família assim o faz, pelo consentimento, é feita a retirada dos órgãos e é levado para o receptor que se encontra na sequência da lista. Ninguém passa na frente de ninguém. Os exames avaliam a compatibilidade do doador com o receptor e eles precisam bater. Caso não estejam batendo, por exemplo, o receptor que está na frente e não bate o tipo ABO RH, tipo sanguíneo, o índice de massa corporal, o perímetro não bate com o do doador, então esse receptor fica escanteado, vai para o segundo da lista. A lista é obedecida”, afirmou.