O Hospital Israelita Albert Einstein confirmou, na terça-feira, 27, o falecimento do jogador uruguaio Juan Izquierdo. Ele havia passado mal na última quinta-feira, durante uma partida, e estava internado desde então. O boletim médico revelou que o jogador sofreu morte encefálica após uma parada cardiorrespiratória associada a arritmia cardíaca.
A morte encefálica, também conhecida como morte cerebral, é caracterizada pela perda total e irreversível das funções cerebrais. Como o cérebro controla outras funções vitais do corpo, sua morte implica na perda dessas funções, resultando na declaração do óbito.
O que configura morte encefálica?
Para que os neurônios funcionem adequadamente, é essencial que recebam oxigênio e glicose, que são transportados até o cérebro pelo sangue. Quando há algum problema que interrompe esse fluxo sanguíneo, essas células podem morrer, comprometendo as funções cerebrais. Se a perda das funções cerebrais for completa e irreversível, é diagnosticada a morte cerebral.
"Você ainda tem um coração que bate. Você ainda tem outros órgãos funcionantes, mas o cérebro já não é capaz de controlar absolutamente nada", explica o neurologista Antonio Netto, em entrevista ao Terra.
Embora o coração possa continuar batendo, esses batimentos geralmente cessam quando o cérebro deixa de controlá-los. Da mesma forma, a respiração não ocorrerá sem a assistência de aparelhos.
"Para falar de vida, precisamos falar de um completo funcionamento cerebral. E não estamos nem conversando sobre as funções corticais, de atenção, memória e inteligência. Estamos falando das funções mais básicas e primitivas do cérebro, que são justamente os reflexos", completa Netto.
O que pode causar a morte encefálica?
Qualquer condição que interrompa a função cerebral antes de afetar outras partes do corpo pode resultar em morte encefálica. Entre as causas mais comuns estão parada cardiorrespiratória, doenças infecciosas que afetam o sistema nervoso central, tumores cerebrais e traumas.
Quando a morte encefálica é declarada?
No Brasil, a resolução nº 2.173/17 do Conselho Federal de Medicina (CFM) define critérios rigorosos para declarar a morte encefálica, considerados um dos mais exigentes do mundo. O CFM exige a realização de diversos exames para verificar a perda do reflexo troncoencefálico, responsável por funções autônomas como a respiração.
A confirmação deve ser feita por dois médicos em horários distintos, e os resultados precisam ser complementados por um exame adicional, como um eletroencefalograma ou uma tomografia.