Mulher mais velha da Europa, irmã Andrée resistiu à covid e faz 118 anos

rmã Andrée é reconhecida como a segunda pessoa mais velha do mundo, superada apenas pela japonesa Kane Tanaka, de 119 anos.

Irmã Andrée | Nicolas Tucat/AFP
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Conhecida como irmã Andrée, Lucile Randon completa seu 118º aniversário nesta sexta-feira (11). Ela deseja "morrer logo", mas, enquanto isso não acontece, deixa sempre a porta aberta para que possam cumprimentá-la.

O dia da anciâ começa às 7h da manhã, quando é levantada e levada à mesa. Em seguida, é levada à capela, onde a idosa, que se tornou freira depois dos 40 anos, ouve a missa todas as manhãs.

"É horrível não poder fazer nada sozinha", se queixa Lucile, que trabalhou até o final da década de 1970, e que, aos 100 anos, ainda se ocupava de residentes mais jovens do que ela. A freira gosta quando recebe visitas , como a de David Tavella, um animador no lar de idosos de Toulon, no sudeste da França, às margens do Mediterrâneo, é também seu assessor de imprensa, que recebe os pedidos de jornalistas de todo o mundo, além de presentes e cartas.

Lucile é a mais velha da Europa (NIcolas Tucat/AFP)

Lucile Randon é a mulher mais velha da Europa

Lucile Randon nasceu em 11 de fevereiro de 1904 em Alès, no sul da França. É a mulher mais velha do país e da Europa, sendo apenas superada no mundo pela japonesa Kane Tanaka, de 119 anos.

Quando se trata de expectativa de vida, o Japão é um dos países mais citados. Contudo, a pessoa que mais tempo viveu na história da humanidade com registro civil verificado foi na Provença francesa. Jeanne Calment morreu em Arles em 1997, aos 122 anos.

Segundo a ONU, em 2015, o mundo tinha meio milhão de centenários e a projeção até o fim deste século é chegar a 25 milhões.

Segundo o escritório de estatísticas Insee, cerca de 30 mil centenários vivem na França e 40 superam os 110 anos. No mundo todo, havia meio milhão de centenários em 2015, segundo a ONU, que projeta 25 milhões até o fim deste século.

Esperando o fim

A centenária Hermine Saubion, com 110 anos, vive em um lar de idosos em Banon, no sudeste francês. Não tem problemas de saúde, apenas incapacidades físicas e uma surdez severa e quando é lembrada dos seus 110 anos solta: "Estou aguentando firme".

Só compreende fragmentos de frases, mas não renuncia à vida em sociedade. "Se passa muito tempo sozinha em um lugar, não hesita em manifestar seu descontentamento", confirma Julien Fregni, um assistente social.

A irmã Andrée tampouco tem problemas de saúde, apenas rigidez muscular e articular ligada à sua imobilidade. Ela toma poucos medicamentos por dia, o que, segundo a médica Geneviève Haggai-Driguez, sem dúvida é "um de seus segredos de longevidade".

A idosa sobreviveu sem problemas à Covid-19, que lhe provocou apenas cansaço. "Quando falamos [sobre a Covid], ela responde: 'tive a gripe espanhola'", conta Geneviève.

De fato, os especialistas constataram que os nascidos antes da epidemia de gripe espanhola de 1918 resistiram melhor à Covid que os idosos nascidos depois.

Apesar da resistência comprovada pelo tempo, essas pessoas viram a partida de muitos a seu redor e já não têm com quem compartilhar sua história de vida.

Assim, falam sobre a morte sem qualquer tabu. "Esperamos o fim, a morte, que um dia chegará", diz Hermine, enquanto a irmã Andrée afirma estar preparada.

"Passar todo o dia sozinha com suas dores não é divertido", mas "Deus não me escuta, deve estar surdo".

Aos 110 anos, Hermine segue firme (Nicolas Tucat/AFP)

Otimismo e estilo de vida

A ciência ainda não descobriu o segredo da longevidade. "Não temos nenhuma certeza, apenas hipóteses", garante Jean-Marie Robine, demógrafo e gerontólogo.

O especialista cita a riqueza econômica, a democracia "e, inclusive, a social-democracia", além dos fatores nutricionais com "dois grandes regimes alimentares: o japonês [peixes, verduras] e o mediterrâneo".

A isso se somam as características próprias do indivíduo, como a genética ou a ausência de genes vinculados a fatores de risco.

Ademais, Daniela S. Jopp, professora de psicologia do envelhecimento da universidade de Lausanne, na Suíça, cita o "otimismo", que está vinculado a "mecanismos do sistema imunológico".

Em seus estudos com centenários de Alemanha e Estados Unidos, a pesquisadora encontrou traços comuns: são extrovertidos, têm carisma, desfrutam das relações sociais, têm paixões, são capazes de dar sentido à vida e sabem se adaptar.

Pois, como diz a irmã Andrée, a coisa mais importante na vida é "compartilhar um grande amor e não comprometer suas necessidades". (Fonte: G1 com informações da France Presse)

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