A Índia está correndo contra o tempo para impedir a propagação de um raro e mortal vírus chamado Nipah, que já deixou dois mortos no estado de Kerala, no quarto surto da doença desde 2018. Autoridades locais determinaram o fechamento de escolas e escritórios nesta quinta-feira (14) e testes em massa na população.
Atualmente, no estado, mais de 700 pessoas foram identificadas como contatos próximos das duas vítimas e estão sendo testadas para o vírus. Dentre estas, 77 são consideradas de “alto risco”. O Nipah está no topo da lista de dez doenças prioritárias que a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou como fontes potenciais de epidemias futuras.
Até o presente momento, não existe vacina para proteger ou curar a infecção, que apresenta uma taxa de mortalidade entre cerca de 70%. O tratamento consiste em fornecer cuidados de suporte aos infectados. De acordo com a OMS, o Nipah é um vírus zoonótico, ou seja, transmitido de animais para humanos.
Contudo, há possibilidade de transmissão por alimentos, como frutas contaminadas com saliva ou urina de morcegos infectados. Também pode ocorrer transmissão diretamente de pessoa para pessoa ou a partir do contato com porcos infectados. Os sintomas iniciais são semelhantes aos da gripe, como dor de cabeça e sonolência, mas podem rapidamente evoluir para um estado de coma em poucos dias.
Uma das possíveis complicações é a encefalite fatal, uma inflamação no cérebro, além de síndrome respiratória aguda severa. Em 2018, o estado de Kerala enfrentou um surto mortal do vírus, quando 17 pessoas morreram e houve pânico geral no estado. Mais de 230 pessoas foram testadas na época, como parte de uma operação de rastreamento de contatos.
Em 2019, mais um episódio ocorreu no estado, quando um homem foi diagnosticado com o vírus, e em 2021, o Nipah tirou a vida de um menino de 12 anos. O vírus Nipah foi detectado pela primeira vez durante um surto em 1998-1999 na Malásia. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), aproximadamente 300 pessoas foram infectadas e mais de 100 morreram. Neste surto, houve sacrifício de mais de um milhão de porcos para conter a enfermidade.