Os remédios que silenciam a paranoia existem desde os anos 1970 e evoluíram enormemente de lá para cá. Os antipsicóticos do passado causavam muitos efeitos colaterais. “Como mexem com a dopamina, esses fármacos estão relacionados a manifestações típicas do Parkinson, como tremor involuntário e rigidez muscular”, esclarece a geriatra Maira Tonidandel Barbosa, da Universidade Federal de Minas Gerais.
As medicações mais recentes, conhecidas genericamente como segunda geração, provocam menos eventos adversos graves – isso porque interferem em outras substâncias da química cerebral, como a serotonina, o que traria uma proteção neuronal extra. Por essa razão, o ideal é dar preferência a essas opções mais novas durante as primeiras incursões terapêuticas.
Caso a tentativa inicial não dê conta do recado, aí, sim, o médico parte para as drogas antigas (primeira geração). Se nem mesmo essas funcionarem, o plano C é a clozapina, a medicação pioneira no campo da esquizofrenia. Como ela pode afetar os glóbulos brancos, o protocolo de uso exige fazer um exame de sangue todas as semanas para ver se está tudo ok.
Uma boa-nova na luta contra a esquizofrenia foi a chegada das injeções de longa ação. Elas utilizam os mesmos princípios ativos dos comprimidos, que foram por muito tempo a única alternativa disponível na farmácia. Uma simples picada fornece uma dose que dura duas semanas ou até um mês, dependendo do tipo e do fabricante.
No exterior, já existe uma versão aprovada desses produtos que atua por 90 dias. Além delas, uma opção, que está na última fase de testes antes da liberação, fica no organismo ao longo de um semestre inteiro. Por mais que a ideia de tomar agulhadas periódicas não seja lá muito agradável para alguns, a certeza de que o paciente recebeu o remédio e está devidamente medicado por um período mais prolongado é uma garantia contra a desistência do tratamento e futuras recaídas.
Inclusive, uma pesquisa assinada por especialistas do Instituto Karolinska, na Suécia, com apoio do laboratório Janssen, reuniu dados de 29 mil esquizofrênicos e concluiu que os fármacos injetáveis reduzem a mortalidade em 33% na comparação aos comprimidos tomados diariamente. “Seguir a terapia à risca ajuda a estabilizar o quadro e permite cuidar melhor de outros parâmetros de saúde, prevenindo a obesidade e as doenças cardiovasculares“, afirma Gattaz.
Quando pílulas ou injeções não foram capazes de equilibrar o cérebro, resta ainda a eletroconvulsoterapia, que envolve a aplicação de correntes elétricas em determinadas regiões da cabeça. O método mudou demais e não é mais aquele festival de choques do passado, que novelas e filmes teimam em repetir. Hoje em dia ela é segura, fica restrita a algumas áreas do crânio e produz muito menos traumas.
Outra ideia estudada em algumas universidades é o emprego da estimulação transcraniana, um aparelho emissor de ondas magnéticas que traria um efeito parecido. Mas ainda faltam evidências para comprovar que a proposta é realmente boa. Deve demorar mais alguns anos para que ela vire uma realidade.