Nesta semana a ex-participante da vigésima primeira edição do Big Brothe Brasil, Viih Tube, contou em um relato em suas redes sociais que sua filha recém-nascida com Eliezer, Lua, passou por um procedimento conhecido como frenectomia em sua primeira semana de vida. No entanto, o termo, desconhecido pelo grande público, assustou diversas pessoas. Em termos mais gerais, esse procedimento é extremamente comum e evita que a criança tenha a língua presa.
Embora seja simples e fácil de realizar, o diagnóstico da necessidade de frenectomia é objeto de discussão entre médicos, pois alguns acreditam que pode ser realizado prematuramente e sem a devida consideração sobre a necessidade da intervenção. A cirurgiã odonto-pediátrica Fabiana Pimentel explica que o procedimento consiste em um pequeno corte na membrana excedente que estiver abaixo da língua (causando a língua presa) ou no lábio superior, entre os incisivos (causando diastema, um espaço maior que o comum entre os dentes superiores da frente).
Em 2014, o Ministério da Saúde tornou lei o Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês, mais conhecido como “Teste da Linguinha”, realizado em maternidades logo após o nascimento. No entanto, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) entrou com um pedido de revogação da lei em 2019, argumentando que esse teste ocasiona intervenções cirúrgicas desnecessárias e dificulta a identificação de casos mais graves. Até o momento, não houve revogação.
Para a odontopediatria, a necessidade de fazer esse tipo de diagnóstico cedo ajuda a amamentação da criança. “O que mais se conhece popularmente é a língua presa, na fala, mas essa anatomia pode fazer com que o bebê não consiga mamar direito, além de poder prejudicar a entrada do ar nos freios nasais, atrapalhando a respiração, e ocasionar um uso posterior de aparelhos dentários”, afirma a especialista.
Por que fazer a cirurgia?
Um dos problemas elencados por Viih Tube foi a dificuldade de amamentação e ganho de peso de sua filha. “A Lua nasceu com um “freio” na língua, e antes de fazer a frenectomia ela mamou. Fez bolha de sucção, fez várias coisas”, disse. A amamentação inadequada pode resultar em baixo peso, e até mesmo desnutrição. As bolhas que aparecem durante a amamentação podem indicar que o bebê está engolindo mais ar do que leite, o que pode causar desconfortos, como cólicas ou gases.
Além disso, é comum que as mamas da mãe apresentem feridas e o leite comece a “empedrar”, causando dor e desconforto. As complicações que podem ser causadas pelo procedimento envolvem, além de dores locais, pequenas hemorragias ou inflamação dos pontos. A anestesia dada pela equipe médica é local ou anestesia tópica. Segundo a odonto-pediátrica Fabiana Pimentel, a obrigatoriedade do teste da linguinha foi um dos fatores que contribuíram com a indicação aos pais para optarem pela intervenção cirúrgica o mais cedo possível. “Não tem problema fazer quando criança ou quando adulto, continua sendo simples, só não é comum hoje que não seja feito quando bebê”, diz.
Assim como no bebê, o corte na membrana é feito de forma rápida e com anestesia local, dando ao paciente dois dias de recuperação em casa. Nesta situação, normalmente é necessário o apoio de um fonoaudiólogo – tanto na infância, para melhorar a dicção, quanto depois, para se readaptar. Também é comum que o freio cause impacto na dentição, podendo ser corrigido futuramente com aparelhos ortodônticos.