Pesadelos frequentes na meia-idade podem ser um sinal de demência, entenda

Pesquisa britânica analisou a relação entre a frequência de sonhos ruins autorrelatados e o risco de declínio cognitivo e demência

Imagem ilustrativa de mulher com demência | Reprodução/Internet
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Um estudo apresentado no fim de junho no Congresso da Academia Europeia de Neurologia, em Helsinque, Finlândia, mostrou que adultos de meia-idade e mais velhos que frequentemente têm pesadelos podem apresentar um maior risco de desenvolver declínio cognitivo e demência.

Conduzida por cientistas do Imperial College London, no Reino Unido, a pesquisa analisou a relação entre a frequência de sonhos ruins autorrelatados e o risco de declínio cognitivo e demência em um grupo de 2,6 mil adultos.

Os resultados mostraram que aqueles que relataram pesadelos semanais tinham um risco quatro vezes maior de declínio cognitivo em comparação com os participantes que não relataram pesadelos. Entre os adultos mais velhos, o risco de demência era 2,2 vezes maior.

O QUE CAUSA ISSO?

Pesadelos ocorrem em pessoas de qualquer idade e podem ser um reflexo de diversos fatores. Eles podem ser desencadeados pelo conteúdo assustador de um filme visto antes de dormir, por exemplo, mas também são causados por questões como estresse, ansiedade, depressão e até por fatores genéticos.

Segundo Abidemi Otaiku, principal autor do estudo, pesquisas recentes mostraram que algumas pessoas têm um conjunto de genes que as torna propensas a sonhos assustadores, e outros estudos revelaram que aqueles cujos pais têm pesadelos são mais predispostos a tê-los também.

“No geral, os sonhos ruins têm uma ligação muito forte com condições cerebrais e outras, segundo o responsável pelo estudo. Acredito fortemente que os médicos deveriam perguntar mais frequentemente sobre pesadelos", disse.

Não à toa, a relação entre pesadelos e condições cerebrais como a doença de Parkinson já foi estabelecida na literatura, assim como uma ligação entre eles e doenças autoimunes, incluindo lúpus, e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na infância.

TRATAMENTO

O pesquisador faz recomendações para as diferentes causas de pesadelos. Se a causa for psicológica, ele recomenda buscar um tratamento apropriado para lidar melhor com a situação, seja por meio de mudanças no estilo de vida, psicoterapia ou medicação.

Já para pesadelos sem causa óbvia e que prejudicam a qualidade de vida, a terapia de ensaio de imagens (TRI) antes de dormir pode ser útil. Uma técnica é começar pensando em um pesadelo que você tem regularmente e, antes de ir para a cama, refletir sobre como mudar o fim da história.

"Por exemplo, se você acha que está sendo perseguido e devorado por um tigre, mude o final para o tigre lhe dando um abraço. Você pode até escrever e ensaiar essa imagem na sua cabeça antes de ir para a cama", sugeriu Otaiku.

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