A menopausa é um processo pelo qual toda mulher irá passar na vida. É normal o surgimento de mudanças de humor, alterações hormonais, dores e ondas de calor. Infelizmente, é um processo natural da vida feminina, mas você sabia que é possível tratar os sintomas da menopausa?
O Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal do Climatério 2024, que atualiza as diretrizes relacionadas à administração da terapia hormonal (TH) da menopausa, reforça a alta eficácia e segurança do tratamento. O documento foi realizado pela Associação Brasileira de Climatério (Sobrac) em parceria com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
“Esse novo consenso é o que há de mais recente e confiável sobre a reposição hormonal da menopausa, reforçando os inúmeros benefícios desse tratamento, que superam significativamente os possíveis riscos. A terapia hormonal é recomendada para quase todas as mulheres que sofrem com os sintomas da menopausa, com poucas contraindicações”, diz o ginecologista Igor Padovesi, em entrevista ao Terra.
EFICÁCIA DA TERAPIA HORMONAL
O documento reitera a eficácia da TH para as quatro indicações já consagradas: o tratamento dos famosos fogachos, da síndrome genitourinária da menopausa (antigamente chamada de atrofia urogenital), a prevenção e tratamento da perda de massa óssea relacionada à menopausa, e a menopausa precoce (antes dos 45 anos). Mas, além disso, o consenso aponta diversos outros benefícios já reconhecidos do tratamento hormonal.
“A TH comprovadamente confere proteção cardiovascular para as mulheres, reduz a mortalidade por diversas causas, reduz o risco de diabetes, melhora o sono, os sintomas depressivos, a função sexual, reduz o risco de câncer de colorretal e até de Alzheimer. Tudo isso está expressamente escrito no consenso”, afirma o ginecologista.
COMO ADMINISTRAR OS HORMÔNIOS
Outro ponto importante no documento são as diretrizes sobre a maneira ideal de administração desses hormônios para potencializar a eficácia e reduzir riscos. Segundo o especialista, atualmente, preconiza-se que a terapia hormonal seja realizada com hormônios por via ‘não oral’, por exemplo, através da pele.
“Grande parte dos riscos conhecidos da terapia hormonal se dão pela administração incorreta ou pelo uso de hormônios sintéticos e por via oral, esquemas terapêuticos utilizados no passado”, diz Igor.
Segundo o ginecologista, a TH possui alguns riscos, mas que são muito pequenos e podem ser controlados seguindo as recomendações corretas apontadas também no documento.
A TERAPIA HORMONAL POSSUI CONTRAINDICAÇÕES?
Segundo o médico, o câncer uterino é um possível risco da TH, ocorrendo devido ao desenvolvimento descontrolado do endométrio causado pelo estrogênio. Mas, para controlar esse processo, é administrado a paciente progesterona.
“Outra possibilidade é o câncer de mama, mas esse risco é muito pequeno: menos de uma para cada mil mulheres. Então, a grande maioria das mulheres pode realizar a terapia hormonal sem preocupações, afirma.
Outra contraindicação citada no documento são a doença hepática descompensada, certas doenças cardiovasculares e venosas, câncer de mama e de endométrio e sangramento vaginal de causa desconhecida. Mas mesmo essas situações podem não ser consideradas contraindicações absolutas.
“Muitas vezes, a TH pode sim ser indicada, após cuidadosa avaliação dos riscos e benefícios. É preciso lembrar que também existem riscos de não usar a terapia hormonal, como o aumento de risco cardiovascular, de osteoporose e fraturas, além dos sintomas que podem impactar muito na qualidade de vida”, destaca o especialista.
Igor Padovesi ressalta que a leitura do Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal do Climatério 2024 deveria ser obrigatória para todos os ginecologistas e endocrinologistas.