O fisiculturista Matheus Pavlak, 19 anos, morreu no último domingo (01), após sofrer uma parada cardiorrespiratória em Blumenau (SC). Antônio Souza, de 26 anos e fisiculturista, também morreu tragicamente após conquistar troféu em competição.
Desde o fim do ano passado, ao menos outros quatro atletas de fisiculturismo morreram no Brasil após terem sofrido problemas de saúde. Entre estes números alarmantes e frequentes, dúvidas surgem sobre o uso excessivo - e muitas vezes sem orientação - de suplementação e a alimentação restrita que a prática exige.
USO EXCESSIVO
Em entrevista ao Meio News, o nutricionista clínico e esportivo Danilo Melo, explicou que um dos principais fatores dos óbitos pode ser respondido pelo uso excessivo de anabolizantes, já que o consumo de suplementação não é um fator de risco.
“O fisiculturismo não visa a saúde, ele visa a estética e o uso por conta própria e uma alimentação inadequada, podem colaborar para o surgimento de efeitos. Se na alimentação não houver fibras, fontes essenciais para amenizar os danos desses esteroides, a probabilidade desses casos acontecerem é grande”, diz.
AUMENTA O RISCO DE MORTE
Há um ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu o uso de esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) com finalidade estética, de desempenho ou para ganho de massa muscular no Brasil. Considerado um problema de saúde pública, o uso indiscriminado dessas substâncias sintéticas derivadas da testosterona aumenta os riscos à saúde, principalmente à saúde cardiovascular.
Uma carta científica publicada em março de 2024 no Jama – uma das revistas médicas mais importantes do mundo – traz dados de um estudo observacional dinamarquês que apontam que o uso de anabolizantes aumenta em 2,8 vezes o risco de morte.
DIURÉTICOS
O fisiculturista amazonense Antônio, que morreu em um torneio no dia 3 de agosto, decidiu participar da competição com apenas duas semanas de antecedência. Para cumprir os critérios de julgamento no bodybuilding, o atleta fez uso de diuréticos, para acelerar o processo de perda de líquido do organismo e, assim, deixar os músculos mais aparentes.
Os diuréticos são medicamentos que aumentam a quantidade de urina produzida pelo organismo, agindo nos rins para interferir na reabsorção e filtração de água e sais. No entanto, são usados de forma específica para tratar doenças como hipertensão, insuficiência renal e cardíaca, glaucoma, alcalose metabólica e inchaço causado por doenças do coração, rim ou fígado.
“Diuréticos só são úteis se a pessoa em questão sofrer com retenção de líquidos, se não for o caso, o indicado é uma hidratação adequada”, explica o nutricionista.
SAÚDE E BEM ESTAR
Danilo reforça a importância de uma alimentação equilibrada com frutas, legumes e principalmente carboidratos. "Os carboidratos são essenciais para quem pratica qualquer exercício e quer manter um bom condicionamento físico".
Esses nutrientes são a principal fonte de energia para o metabolismo aeróbio e anaeróbio. Eles ajudam a manter o desempenho e a retardar a fadiga, pois fornecem glicose diretamente para os músculos em atividade.