Você já deve ter ouvido por aí que não tirar o sutiã antes de ir para a cama pode ser prejudicial à saúde. Vai além: um dos boatos que vez ou outra ressurgem dá a entender que dormir com a peça (ou usar sutiã apertado) poderia ser um fator de risco para desenvolver câncer de mama. A sensação de liberdade e alívio é comum ao tirar o sutiã. Apesar desses sentimentos positivos, o uso da peça é quase “obrigatório” devido à pressão estética da sociedade, acompanhada de supostos malefícios de não utilizar a lingerie diariamente.
No entanto, existe a dúvida pública: Quais os efeitos da peça no corpo? As mulheres devem utilizar ou não? Especialistas ouvidos pelo portal G1 responderam diversos questionamentos para entender e desmentir algumas crendices sobre a peça íntima.
1 - Devemos ou não usar o sutiã?
Atualmente, não existe uma resposta exata e não há evidências de que os sutiãs sejam bons ou ruins para a saúde. Essa escolha é pessoal e varia de mulher para mulher. Algumas se sentem mais seguras com o sutiã, outras detestam. O que sabemos é que devemos, antes de mais nada, prezar sempre pelo conforto. Hilka Espírito Santo, especialista em ginecologia, obstetrícia e mastologia, explica que o sutiã é um ator coadjuvante para melhorar a sustentação da mama. Ele age contra a gravidade (mas não evita a flacidez e queda; leia mais abaixo) e, de uma certa maneira, preserva o estiramento dos ligamentos que compõem a mama. Esses ligamentos dentro do tecido mamário, chamados ligamentos de Cooper, mantêm as mamas eretas, sem pendência. É como se tivéssemos um fio elástico. Se muito solicitado, ele vai esgarçando. Se você sustenta a mama, você economiza esse fio e evita a perda de elasticidade.
A especialista, que também é membro da Comissão de Mastologia da Febrasgo, diz que a sustentação vale para qualquer tamanho de seio, já que todas as mulheres têm esse ligamento apesar de ser uma escolha pessoal, existe uma situação que o sutiã (ou top) é essencial: na hora do exercício físico. “A mulher não deve realizar exercícios de impacto sem um top. Na corrida, por exemplo, dependendo da projeção da mama, o ligamento da mama será mais exigido e a mulher terá desconforto. Não que cause uma dor, uma doença, mas vai causar um desconforto”, frisa a mastologista.
2 - Existe um sutiã ideal?
O sutiã ideal é aquele que vai te trazer sustentação, segurança e conforto. Temos sempre em mente aqueles com aro (o famoso ferrinho), com bojo, mas um top também é um sutiã, por exemplo. “O conforto e a sustentação precisam caminhar juntos. Escolha um que não deixe a mama muito pêndula, caída. O ideal é que os ligamentos fiquem ‘em repouso’ dentro do sutiã”, explica a mastologista. E na hora de escolher, ela lembra que é preciso atenção ao tipo de alça, recorte e sustentação também na lateral. É preciso medir tanto o seio quanto o tamanho das costas. “A mulher não é um tamanho 40 puro. Dentro desse tamanho, ela pode ter uma mama 40, mas um tórax fino”, diz.
3 - O sutiã evita que os seios caiam?
A queda da mama não tem relação com o uso ou não uso do sutiã. Ela tem relação com a constituição do corpo da mulher e faz parte do processo de envelhecimento. “Não existe fórmula para evitar a queda de gravidade. Tudo vai depender da mama. Se for mais densa, ela pode não cair. Já a mama mais gordurosa tem uma tendência maior. E mama gordurosa não tem relação com o peso”, explica Hilka Espírito Santo.
4 - Qual a relação do sutiã e o câncer de mama?
A oncologista Isabella Drumond Figueiredo explica que isso é um mito que foi difundido através de um livro intitulado "Dressed to kill: the link between breast cancer and bras" ("Vestida para matar: a ligação entre câncer de mama e sutiãs"), que aventava a possibilidade de o uso da peça comprimir os seios, impedindo a drenagem linfática e provocando o acúmulo de líquidos e formação de cistos/nódulos nas mamas.
“O câncer de mama é uma doença que acometerá 1 em cada 8 mulheres e já está bem sedimentado o conhecimento sobre alguns fatores de risco como idade mais avançada; fatores endócrinos e história reprodutiva; fatores comportamentais e ambientais ((que podem corresponder a até 40% das causas); e fatores hereditários (que correspondem a 5-10% dos casos)”, ressalta a oncologista. A especialista alerta que é importante a mulher conhecer seu corpo e procurar um médico caso note alguma alteração na mama. Além disso, mulheres com mais de 40 anos devem fazer a mamografia anualmente.