Pessoas com diabetes tipo 2 podem sofrer com a neuropatia diabética, uma lesão nos nervos periféricos do corpo que pode causa dor, formigamento, queimação e perda de sensibilidade, sobretudo nas pernas e nos pés. Isso pode fazer com que certos machucados passem despercebidos e evoluam até o estágio de exigir amputações. Mas um pequeno estudo da Universidade Cruzeiro do Sul deu o primeiro passo para o desenvolvimento de um método que diagnosticaria essa complicação bem no começo, antes de ela se agravar.
O trabalho, publicado no periódico científico Human Movement Science, concentrou-se na chamada força de preensão — a força aplicada pelas mãos para segurar um objeto. A tarefa dos 36 voluntários era simples: eles deveriam manipular um dispositivo específico, que mensura essa força de preensão, e fazer diferentes tarefas com ele.
Entre os participantes, 24 possuíam diabetes tipo 2, mas só 12 manifestavam a neuropatia diabética. Outros 12 voluntários não apresentavam a doença, e serviram como um grupo de controle.
Após diferentes avaliações, os cientistas perceberam que no chamado teste estático (em que a pessoa só segura esse dispositivo por dez segundos), os voluntários das duas turmas com diabetes usaram a metade da força aplicada pelo grupo saudável. Ou seja, mesmo as pessoas que não manifestavam sintomas claros da neuropatia já apresentavam alterações.
Na opinião dos cientistas, aplicar menos força nessa tarefa não significa uma perda de sensibilidade nos dedos, e sim um problema de comunicação entre os nervos periféricos e o cérebro. Seria o princípio desse quadro.
O profissional de educação física Paulo Barbosa de Freitas Júnior, um dos autores da pesquisa, espera que essa descoberta sirva para, no futuro, criar um método capaz de fazer o diagnóstico precoce da neuropatia diabética. “A ideia é ter um aparelho que permita ao médico medir a força de preensão em um teste simples e ver se o paciente apresenta sinais de alterações neurológicas incipientes”, explica, em comunicado.
No entanto, outros estudos são necessários para avaliar se a força de preensão é realmente confiável para diagnosticar a neuropatia diabética e se equipamento utilizados no experimento seria a melhor maneira de mensurá-la. Esse é apenas o primeiro passo de uma jornada científica.