Terror sobre rodas! Fortaleza registra número mais alto de assaltos a ônibus em 4 anos

A média mensal de roubos nos transportes públicos em 2024 está em 39,17, superando a média mensal de 2019, que foi de 34,92.

Em um dos ônibus alvo de assaltantes, foram encontradas duas facas | via Whatsapp
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Em pouco mais de cinco meses de 2024, Fortaleza atingiu o maior número de assaltos dentro de ônibus desde 2019. Até o dia 10 de junho, foram 235 registros, superando o total de todos os meses dos últimos quatro anos. Para se ter ideia, apenas em janeiro deste ano, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará (Sindiônibus) registrou 71 casos, enquanto em todo o ano passado foram 101.

De acordo com os dados do Sindiônibus, a média mensal de roubos nos transportes públicos em 2024 está em 39,17, superando a média mensal de 2019, que foi de 34,92. As cifras de assaltos em ônibus por mês nos anos anteriores foram: 2020 (16), 2021 (13,5), 2022 (19,08) e 2023 (8,45). Em números absolutos, considerando o ano inteiro, os registros são: 2019 (419), 2020 (176), 2021 (162), 2022 (229) e 2023 (101).

Relatos de Vítimas

Maryvane Teles, de 55 anos, foi assaltada em fevereiro deste ano na linha 015 Conjunto Ceará/Antônio Bezerra, tendo seu celular levado durante a ação. Desde então, ela sente receio de usar o transporte público. “Quando eu pego o ônibus, tiro o celular e os documentos da bolsa, deixando meus objetos espalhados pelo corpo”.

Além de esconder seus pertences, Maryvane também relata um constante estado de alerta. “Os assaltantes chegaram pulando a catraca e anunciando o assalto. Quando alguém sobe no ônibus, eu já fico analisando as feições e pensando se pode ser um suspeito”.

Lóren Souza, 22, estudante da Universidade Federal do Ceará (UFC), foi assaltada duas vezes na linha 660 Palmeiras/Centro, enquanto se deslocava da instituição pública para casa. A primeira ocorrência foi em outubro de 2022, e o segundo assalto aconteceu em março de 2023.

No primeiro roubo, nenhum objeto de Lóren foi levado, pois os criminosos pegaram apenas os celulares visíveis. No segundo, mais violento, os assaltantes mostraram uma faca e tomaram sua mochila, que continha um caderno, um livro recém-comprado e seu planner. “Eles não levaram meu celular porque estava escondido na roupa”, contou. Com medo, Lóren ficou seis meses sem pegar ônibus, preferindo mudar seu trajeto. “Quando entrava no ônibus, sentia um desconforto, tremedeira e não conseguia sentar. Meu pai tinha que desviar o caminho do trabalho para me deixar na universidade”, relatou.

Crescimento da Insegurança

De acordo com Luiz Fábio Paiva, pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da UFC, estudos no LEV demonstram o crescente sentimento de insegurança da população devido à disseminação de assaltos. "Isso retrata uma fragilidade no sistema de segurança para reprimir esse tipo de prática", destaca.

Para Luiz Fábio, Fortaleza tem registrado um agravamento da insegurança em ônibus nos últimos anos, conforme mostrado pelos dados do Sindiônibus. “Esse é um problema de Fortaleza. Os governos conseguem identificar as situações e agir no problema circunstancialmente, mas não há uma solução permanente”. Ele defende um diagnóstico preciso sobre a variação no número de assaltos dentro do transporte público. “É preciso observar essa flutuação nos números para encontrar soluções permanentes, permitindo que a população possa usar o serviço público sem o sentimento de insegurança", diz.

Ações da SSPDS

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Ceará (SSPDS) destacou o Programa Segurança no Ponto, instituído em março deste ano, que visa reduzir roubos e outros crimes nas paradas de ônibus de Fortaleza. O programa consiste no reforço policial nos períodos de maior movimentação nesses espaços públicos, com o emprego de ciclopatrulhamento, motopatrulhamento e policiamento em viaturas. Os locais definidos para receber o reforço foram escolhidos com base nas estatísticas apresentadas pela Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp).

Além disso, a SSPDS realiza a Operação Passageiro Seguro, que intensifica as ações ostensivas de abordagens a ônibus e microônibus, com base em análises de dados criminais que apontam dias, horários e locais onde são registrados crimes em transportes públicos.

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