EMANCIPAÇÃO: 25 de Março de 1938 (72 anos).
Bem antes do povoamento do Piauí, ainda quando aventureiros do Velho Mundo competiam na conquista do Mundo Novo, os índios Tacarijús já tinham ultrapassado a serra da Ibiapaba e se apossaram das mais belas terras piauienses.
A mais antiga documentação que se tem notícia sobre os índios Tacarijús data do século XVI, foi escrita pelo padre franciscano André de Thévet que percorreu o Nordeste brasileiro pelos anos de 1580 e deram conhecimento dessa etnia ocupando belas terras cercadas de brejos, rios, muita palmeira e frondosas árvores, especialmente, carnaúba, buriti, tucum, babaçu, gameleira, ipê e outras, além de grandes nascentes de águas cristalinas que emergiam do solo. Hoje, essas terras são chamadas de Tiririca, Roça Velha, Irauçuba, Canabrava, Olho d"água, Canto, São Luis, Lagoa e Brejo Grande. Os historiadores acreditam que os Tacarijús vieram do Rio Grande do Norte, estado também, pertencente à região nordeste do Brasil.
Por causa dos contatos com os franceses de quem eram fieis amigos, os Tacarijús tinham uma cultura bem superior às outras tribos vizinhas. Entretanto, não se tem registro quando se deram os primeiros encontros entre os franceses e Tacarijús, mas se tem informações de que por vários anos, os franceses que iam até a ilha do Maranhão, conviveram com aquela tribo e com ela comercializavam tintas, resinas, ouro, prata e salitre.
Em 1604 Pero Coelho atacou a serra da Ibiapaba e os índios Tabajaras que dominavam aquela região se renderam aos lusitanos, os Tacarijús, não. Os franceses aproveitaram e persuadiram os Tacarijús a odiarem os portugueses e seus aliados. Por isso, aquelas tribos se tornaram inimigas.
Em 1606 chegaram à região da Ibiapaba os padres jesuítas Francisco Pinto e Luis Figueira com a missão de converter os silvícolas à fé cristã e a fidelidade ao Rei de Portugal. Os silvícolas da serra logo aceitaram a doutrinação missionária. Os Tacarijús influenciados pelos franceses se negaram aos diversos apelos que lhes foram feitos e julgaram os missionários como feiticeiros.
Em 11 de Janeiro de 1608 os Tacarijús mataram o padre Francisco Pinto, aliado dos portugueses que se encontrava na região, na esperança de conseguir a conversão daquele povo. A insistência do jesuíta em ir visitá-los, deixou os Tacarijús irritados. O massacre do padre foi dentro da Capela do povoado que mais tarde veio a ser o município de São Miguel do Tapuio.
Quando os índios Tabajaras souberam da brutal morte do missionário, seu aliado atacou os Tacarijús de modo, também, brutal com o objetivo de exterminá-los e os perseguiram, fazendo-lhes guerra por toda a parte. Os Tacarijús não se deixaram dominar, preferiram lutar até tombar o seu último guerreiro. Para que lhe conservasse o nome e a memória dessa Nação se tem noticia apenas, da existência de uma cabeça de um Tapuia (nome que também era dada a etnia Tacarijús) pendurada em uma gameleira, árvore da família das moráceas fícus. Em Junho de 1608 foi celebrada a primeira missa de absolvição dos pecados Tacarijuenses.
Em Junho de 1692, Bernardo de Carvalho de Aguiar, descendente de família nobre portuguesa, originária da Península Ibérica, dos Aquilar da Espanha, se apossou do antigo berço dos Tacarijús e fez seu primeiro curral em terras piauienses, criou gado e construiu casas. Portanto, São Miguel do Tapuio tem a glória de ter a maior figura da História Colonial do Piauí, como precursor de sua fundação. Quando Bernardo de Carvalho chegou àquela aldeia abandonada, já haviam passado 84 anos dos fatos de tão triste lembrança e daqueles silvícolas nenhum sinal encontrou, além da memória perpetuada no inglório nome que a terra recebeu. Porém, conservou-lhe o nome que a lembrança de um triste fato a fizera conhecida e a denominou de Cabeça do Tapuia. Bernardo de Carvalho de Aguiar faleceu no Maranhão em 1730.
O NOME SÃO MIGUEL DO TAPUIO.
Rosaura Muniz Barreto nasceu na Serra Vermelha (hoje, Castelo do Piauí, provavelmente no ano de 1823, e faleceu em 1908). Filha do Tenente Aleixo Muniz Barreto. Casada em primeiras núpcias com Luís Furtado de Albuquerque Cavalcante. Em 1905, ela, rica proprietária de terras no município, por dote e herança, atendendo ao pedido das lideranças locais, resolveu doar para São Miguel Arcanjo, uma gleba medindo 880 metros de comprimento de nascente a poente e 480 metros de largura de sul a norte, formando um quadro no lugar denominado Deliciosa, para que fosse erguida uma Capela para São Miguel Arcanjo, e também, fez a doação da imagem do Santo que mandou buscar na França. Porém, ela pediu que o nome do povoado fosse São Miguel do Tapuio em homenagem ao Santo, ao seu filho Miguel e aos guerreiros índios Tapuios. O seu pedido foi atendido. A imagem original do Santo, ainda se encontra no altar principal da igreja matriz de São Miguel.
Depois de viúva casou-se em segundas núpcias em 19 de abril de 1866, com João da Cunha Alcanfor, paraibano, advogado (rábula), mas logo se desquitou de Alcanfor. Ela viveu provavelmente 85 anos. No final de sua vida tinha parcos recursos. Foi sepultada ao lado do seu filho Miguel, no cemitério antigo da povoação, onde anos depois lhe fizeram uma capela.
Assim teve origem o nome da vila que foi se desenvolvendo com sua feira de mercadores, inicialmente realizada à sombra de uma frondosa gameleira que ficava bem no meio do povoado. Essa histórica árvore foi preservada no centro da primeira praça da vila, ali permanecendo até a morte, ocorrida nos decênios de 1970 ou 1980. No início da criação da vila, a gameleira serviu de mercado, cadeia e Prefeitura. Foi mercado porque sob sua sombra era o ponto de venda dos feirantes; foi cadeia porque ao seu tronco eram amarrados os fora da lei e prefeitura porque ao seu abrigo foram realizadas as primeiras reuniões entre os fazendeiros para discussão sobre o futuro administrativo do povoado.
Até os seus últimos dias de vida, à sombra fresca e amiga da antiga gameleira servia de abrigo para o encontro de moças e rapazes e nas noites de luar dava amparo aos boêmios e seresteiros da cidade.
Em volta do seu tronco, havia um círculo de alvenaria e cimento que servia de assento para quem quisesse desfrutar da sombra da árvore de velhas tradições. A esse círculo, os seus freqüentadores deram-lhe o nome de buraco das moças. A história da velha gameleira, também foi cantada em versos pelo poeta piauiense João Francisco Ferry.
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DO MUNICÍPIO.
A Vila de São Miguel do Tapuio, estado do Piauí (Brasil), passou à categoria de município pelo Decreto número 52 de 25 de Março de 1938. Mas, jornais da época noticiam que a sua elevação à categoria de município já havia ocorrido em 4 de Outubro de 1934. Porém, sabe-se que pela sede do município, houve uma ferrenha luta política entre as vilas Assunção e São Miguel do Tapuio. Talvez essa seja a causa da divergência das datas. Entretanto, o município comemora a sua data oficial no dia 25 de Março.
O FUNDADOR DO MUNICÍPIO.
Manuel Evaristo de Paiva, cearense, empresário bem sucedido, logo instalou seu comércio em São Miguel, onde começou a construir sua trajetória política. Casado com Francisca Aragão de Paiva, filha de Artur Ximenes de Aragão e neta de Rosaura Muniz Barreto, foi depois de Rosaura Muniz Barreto, a maior figura central da história de São Miguel no século XX. No pedestal do busto de Manuel Evaristo, na principal praça da cidade que tem o seu nome, se pode ver inscrição confirmando ser ele o fundador do município de São Miguel do Tapuio.
São seus filhos: Artur Aragão Evaristo de Paiva, Milton Aragão Evaristo de Paiva, Antonio Aragão Evaristo de Paiva (Totonho), Valter de Aragão Paiva, Luizinha Aragão Evaristo de Paiva, Mariêta Aragão Evaristo de Paiva Cardoso e Magnólia Aragão Evaristo de Paiva.
Já em 1905, ele foi o principal líder da comissão criada para adquirir o patrimônio para criação da embrionária forania de São Miguel. Assinou como testemunha a escritura de doação do chão que hoje é a cidade. Possuidor de um grande prestígio, apoiado pelos líderes políticos estadual, Gaioso Amendra e Leônidas de Castro Melo, Manuel Evaristo, iniciou a luta pela emancipação política do município e batalhou até conseguir a vitória. Sendo recompensado com a sua nomeação para exercer o cargo de primeiro prefeito da cidade. Ele governou o município nos períodos de 1934 a 1945 e 1951 a 1955 e 1967 a 1971.
No primeiro governo de Manuel Evaristo, foi seu secretário o jovem José Lopes dos Santos que com ele viera de Crateús - Ceará e posteriormente, também, foi eleito prefeito do município no período de 1948 a 1951.
Nos períodos em que Manuel Evaristo governou o município de São Miguel, foram construídos o mercado público, a Prefeitura, cadeia, praças, calçamento, cemitério, estradas, instalou luz elétrica na cidade com seus próprios recursos, criou escolas, lutou para chegar ao município às políticas governamentais, estadual e federal de saúde, também, instalou um cartório, que foi entregue ao seu irmão Júlio Evaristo de Paiva.
CENÁRIO POLÍTICO DO MUNICÍPIO.
Luis Furtado de Albuquerque Cavalcante foi à terceira figura central do novo cenário tapuiense. Esposo de Rosaura Muniz Barreto, era comerciante ambulante proveniente do Ceará e se casou em 1844 na vila do Marvão (hoje, Castelo do Piauí), Tinha espírito manso e querido, inclusive, dos escravos, residia na fazenda Lagoa, era o oposto do seu cunhado, Antonio Fernandes de Vasconcelos, proprietário da fazenda Canabrava. Foi também, político influente sendo eleito deputado provincial em 1852-1855 e 1858-1859. Embora não se tenha noticia que tivesse inimigo, aos 43 anos morreu assassinado por um sapateiro de nome Bruno. Há suspeita popular que foi a mando de Antonio Fernandes de Vasconcelos, porque Luis Furtado reprovava-lhe o seu comportamento com os escravos.
José Furtado de Mendonça foi à quarta figura do cenário político de São Miguel. Bisneto de Rosaura Muniz Barreto, por muito tempo residiu com seu pai João Furtado na fazenda Canto. José Furtado foi o primeiro cidadão tapuiense que chefiou uma oposição ao Manuel Evaristo. Foi eleito por duas vezes prefeito de São Miguel e conseguiu eleger seus candidatos por várias vezes.
ADMINISTRAÇÃO.
Prefeitos: Os registros consultados não guardam os nomes de todos os prefeitos que governaram o município de São Miguel, apenas alguns nomes foram encontrados. São eles: Manuel Evaristo de Paiva (primeiro prefeito), seguido de José Lopes dos Santos e José Furtado de Mendonça. Com o fim do regime político denominado Estado Novo, houve uma grande confusão na administração política do país. A administração do município de São Miguel foi agravada ainda mais pela política local por causa de intermináveis batalhas judiciais para definir resultado de conturbadas eleições municipais. Manuel Evaristo foi deposto pelo Interventor estadual Antonio Leôncio Pereira Ferraz, depois voltou eleito pelo povo em 1951. No interregno da instabilidade política local, alguns prefeitos foram de períodos interinos. Assumiram a Prefeitura José Araújo Neto, Gabriel Soares Campelo, João Paulo de França, David Cavalcante Lima, Joana Gomes da Silva (Joaninha), Elias Gomes dos Santos, José Alves dos Reis, Carvídio Aurélio de Azevedo, Maria Anísia Frota de Paiva (casada com Walter Aragão Evaristo de Paiva, ela também, foi à primeira professora diplomada do ensino público de São Miguel, eleita vereadora, e estando na presidência da Câmara, assumiu interinamente o cargo de Prefeita). Depois por eleições democráticas ou por substituições legais e temporárias, assumiram o cargo: Enoque Cardoso Lima, José Furtado Filho, Antonio Martins Soares Primo (Tunas), Nilo Campelo, os irmãos Miguel Lima da Cruz, Francisco Lima da Cruz (conhecidos por Miguel e Chico de Isaias); Pompílio Evaristo Cardoso e Paulo Frota Paiva (netos de Manuel Evaristo). Em 1982 o médico José Lincoln Sobral Matos foi eleito prefeito. Eleito novamente em 2000, e reeleito em 2004 com mandato vigente até 2008. Em 2008, Lincoln Matos elegeu o seu sucessor, o jovem Francisco de Assis Sousa (Dedé), com a maior maioria de votos já registrada na história politica do município. Dedé tem mandato vigente até 2012.
Fonte de pesquisa: Wikipedia.