Depois de voltar de sua mais recente viagem ao exterior, onde outra vez foi cuidar da sua saúde e promover encontros científicos e diplomáticos de apoio ao Parque Nacional Serra da Capivara, dando como garantia a inauguração do Aeroporto Internacional Serra da Capivara, em construção há mais de uma década na zona rural do município de São Raimundo Nonato (525 km de Teresina), a pesquisadora Niéde Guidon, 80 anos, foi proibida de entrar no local. O incidente ocorreu no canteiro de obras mantido pela Construtora Sucesso.
Guidon foi impedida de entrar no local pelos funcionários da ESAERO, uma empresa de Recife que foi contratada pelo Governo do Piauí, na gestão do ex-governador Wellington Dias (PT), através do secretário de Turismo, Silvo Leite, por mais de 1 milhão de reais, para administrar o aeroporto mesmo ele ainda não estando concluído. Apesar de todas as denúncias publicadas pela imprensa na época, o escândalo passou desapercebido pelas autoridades, principalmete do Tribunal de Contas, Ministério Público estadual e federal, entre outros órgãos competentes.
A ESAERO é uma empresa de infraestrutura aeroportuária que no momento do contrato com o Governo do Piauí, tinha sua sede em Recife. Depois de uma série de contratos, digamos "generosos" com o Piauí, ela decidiu mudar sua sede para Teresina. Em São Raimundo a empresa mantém uns cinco funcionários que cuidam do portão de entrada e saída do aeroporto e dão apoio aos poucos vôos, na maior parte dos casos, são aeronaves de políticos ou aviões que transportam os malotes bancários.
Segundo Niéde Guidon, as informações obtidas por ela na entrada do aeroporto é de que as obras estão em ritmo lento, quase paralisadas, com apenas 30 trabalhadores no canteiro de obras. "Fui informada de que as verbas não foram repassadas de acordo com o cronograma da obra e, por isso, a Construtora Sucesso, decidiu diminuir o ritmo dos serviços. Com isso, o prazo que o governador Wilson Martins me prometeu - entregar o aeroporto em junho próximo -, certamente não será cumprido", desabafou Niéde.
Na sua última viagem ao exterior e mesmo antes, numa série de encontros que teve com representantes da Comunidade Européia, em Brasília, incluindo vários embaixadores, Niéde Guidon falou várias vezes com o governador Wilson Martins (PSB), via telefone, e em todas essas ocasiões ele garantiu que o aeroporto seria entregue em junho desse ano.
Em São Raimundo Nonato a empresa ESAERO já teve uma série de problemas trabalhistas com seus funcionários, inclusive o de maior experiência entre eles, o técnico Marcos Antônio da Silva, que veio de Recife e depois foi afastado da empresa. Uma dessas denúncias de irregularidades trabalhistas por parte da ESAERO foi destaque em matéria do jornal O Estado de SP em meados de 2011.
A ESAERO que chegou a ter um veículo próprio, todo caracterizado, trabalhando no aeroporto, agora não dispõe de nenhum veículo no local. Até mesmo duas motos que a empresa tinha destinado como apoio ao aeroporto, permitindo que seus funcionários pudessem acessar os diferentes pontos da obra com mais mobilidade, também foram retiradas de São Raimundo. Atualmente, conforme se pode ver na imagem acima, os funcionários da ESAERO fazem seu trabalho de vigilância e atendimento dos vôos caminhando.
Na época do contrato firmado entre o Governo do Piauí e a empresa ESAERO, com valor superior a 1 milhão de reais, foi divulgado que a parceria tinha como objetivo iniciar o processo de internacionalização do aeroporto, o que não aconteceu até agora. Pior. Nem mesmo as obras fisícas do terminal de embarque e desembarque estão mantendo o ritmo estabelecido pela Construtora Sucesso.
Por André Pessoa