O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi contundente ao reagir aos xingamentos contra a presidente Dilma Rousseff (PT) durante a partida de abertura da Copa do Mundo na última quinta-feira, dia 12, na Arena Corinthians, em Itaquera, São Paulo. Lula disse durante discurso em evento petista ontem em Teresina que ?moleques? desrespeitaram a presidente Dilma e a instituição Presidência da República.
?Eu ontem estava em casa assistindo ao jogo e eu vi uma parte da manifestação contra a presidenta Dilma. Eu fiquei pensando que não é nem dinheiro, nem apenas escola, nem título de doutor, que dá educação para as pessoas.
Educação a gente aprende dentro de casa, com o pai e a mãe da gente. Porque eu fiz oposição nesse país muito tempo, eu fiz todas as greves que um sindicalista pode fazer nesse país, eu enfrentei todos os presidentes que passaram por esse país desde o golpe da Ditadura Militar, mas nunca tive coragem de faltar com o respeito com um presidente da República.
Porque eu acho que a instituição Presidência da República, liderada por uma mulher, tem que ser respeitada, e o que eu ouvi foi alguns moleques gritarem ontem no campo, e não era nenhum pobre que passava fome, não era nenhum pobre que não tinha escola para estudar. Pelo contrário, pareciam que comiam demais porque perderam a vergonha e o respeito com a nossa presidenta?, afirmou Lula.
O ex-presidente disse que até admitia que fosse vítima de preconceito, afinal de contas era um nordestino retirante que foi para São Paulo e virou presidente do Brasil. Mas afirmou que foi eleito não por mérito próprio, mas porque o povo pobre resolveu levantar a cabeça.
Lula lembrou que a transformação econômica iniciada no seu governo levou milhares de pessoas à classe média e aumentou a produção e o lucro dos empresários no País.
?Eu duvido que tenha um empresário nesse país que em algum momento na história ele tenha ganho mais dinheiro do que ganhou no meu governo, que ele tenha gerado mais emprego que gerou no meu governo.
Porque não é favor que eu dei pra ele, nós demos pra eles um mercado consumidor de 42 milhões de brasileiros que deixaram de ser classe média, e 36 milhões de pessoas que saíram da miséria, e 20 milhões de empregos com carteira assinada. Dei pra ele um povo com direito de comer e trabalhar, mas sei que não fizemos tudo?, disse Lula.
"Mais humildes não eram tratados com respeito"
Lula afirmou durante discurso no Teresina Hall que "nunca os mais humildes tinham sido tratadas com respeito" no Brasil. Segundo ele, o país tinha sido preparado para ser governado para 35% da população, que poderia ter direito a tudo, enquanto os pobres seriam excluídos da assistência do poder público no Brasil.
Lula criticou os ricos que se incomodam com a acensão da classe média e ressaltou: "A gente não quer que rico fique pobre, a gente quer que o pobre fique rico".
"Eu pensava que as pessoas ficariam felizes quando os pobres começassem a comer, mas mesmo os po- bres não tirando deles, eles se revoltaram. Porque hoje os pobres começaram a comer três vezes por dia, a mulher pobre começou a ir no cabeleireiro, o pobre começou a colocar dente na boca, as mulheres passaram a usar perfume que só madame usava.
Eles se incomodam quando os pobres pegam avião para viajar pelo Brasil. Eles preferiam um avião vazio com meia dúzia de rico. Os pobres incomodam. Eles se incomodam com o trânsito em São Paulo porque o "desgraçado" do Lula fez o pobre ter acesso a carro", afirmou Lula.
O ex-presidente afirmou que o Nordeste é uma parte do país em que os ricos, a elite, não ligava para nada. "Quando nós chegamos no governo, o Nordeste formava 366 doutores por ano. Hoje, o Nordeste já forma 1.986 doutores.
Mas é pouco ainda, precisamos ter mais cientistas no Nordeste. Acabar com essa história de que nordestino nasceu pra ser pedreiro, a gente não tem nada contra pedreiro, mas a gente quer ser engenheiro, médico, advogado, bancário", afirmou Lula.
"Não temos o direito de deixar o país retroceder"
O ex-presidente Lula garantiu que retornará ao Piauí durante o processo eleitoral para participar da campanha do pré-candidato a governador Wellington Dias e da chapa da oposição que tem Margarete Coelho como pré-candidata a vice e Elmano Férrer como pré-candidato ao Senado. Segundo Lula, o país e o Piauí não podem retroceder e apoiar lideranças políticas identificadas com a elite do Brasil.
"Nós não temos o direito de deixar esse país retroceder, de permitir que esse país sofra um retrocesso na mão da elite política desse país. Tá na hora da gente segurar aquilo que a gente conquistou e brigar para conquistar muito mais.
Eu vou vim falar muito com vocês aqui. Não sei qual é o potencial de ajuda que eu posso dar, eu sei que eu venho aqui desde 1980 e podem ficar certos que virei muitas vezes ao Piauí", afirmou Lula.
O ex-presidente disse que o que está em jogo é a escolha do tipo de projeto que vai governar o Piauí e disse acreditar que na "velha política" o povo é totalmente desrespeitado, tendo seu valor restrito ao dia da eleição.
Wellington Dias destaca mudança de vida do povo
O senador Wellington Dias, pré-candidato do PT ao Governo do Estado, destacou em discurso ontem no Teresina Hall a mudança de vida dos piauienses alcançada a partir dos programas sociais do Governo Federal.
Segundo ele, o Piauí, a partir de 2003, teve o apoio do "maior presidente da história do Brasil: Luís Inácio Lula da Silva". Wellington levou ao palco do evento três piauienses que foram beneficiados de forma direta pela reforma agrária; pelo financiamento do ensino superior e o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.
"Seu Francisco das Chagas é do assentamento Passagem do Meio, na cidade de Campo Maior. Ele passou a ter terra através de um programa do Incra, com crédito fundiário, no governo de Lula. Ele trabalha criando ovelha, plantando milho e feijão, e passou a investir na educação da sua família.
Essa jovem filha do seu Francisco faz fonoaudiologia em uma universidade particular de Teresina o que só é possível porque você [Lula] criou o Fies.
Isso vai para sempre mudar a vida dessa família. A dona Francisca, outra piauiense, contava que o sonho dela em Piripiri era ter uma casa e agora ela realizou seu sonho. Então, quero explicar com isso o carinho que muitas vezes muita gente não entende.
São pessoas que pela educação, por ter uma casa, um emprego, um curso técnico, um pedaço de terra, mudaram para sempre suas vidas. Hoje a gente tem orgulho em dizer que o Piauí não é mais o estado mais pobre do País", disse Wellington.
O pré-candidato a governador afirmou que o Piauí saiu de uma situação onde tinha 400 mil pessoas com ensino médio e hoje alcançou a marca de 1,2 milhão de piauienses com ensino médio.
Wellington se referiu aos aliados do PP e PTB que formam sua pré-chapa ao Governo do Estado e fez uma citação direta à deputada estadual Margarete Coelho, pré-candidata a vice-governadora.
"Para mim, nessa eleição, tem uma novidade, podemos ter a presença de um mulher nas decisões do estado do Piauí. Nós vamos aqui construir as condições para esse estado prosseguir na linha do desenvolvimento, mudar a vida das pessoas do nosso Estado. Eu tenho a certeza de que esse estado te ama muito Lula", finalizou Wellington.
"Eu vou andar todos os municípios", diz Elmano
O ex-prefeito de Tereisna, Elmano Férrer (PTB), ressaltou a vinda do ex-presidente Lula como importante para a construção da sua pré-candidatura ao Senado. "Lula é um dos maiores estadistas que o mundo já teve. A vinda dele aqui pela liderança que ele tem é muito importante", afirmou Elmano.
O petebista disse que vai andar todos os municípios piauienses durante o processo eleitoral a fim de propagar o modelo de gestão que aplicou em Teresina.
"Eu conheci esse estado quando tinha 78 municípios, como técnico da Sudene, então a partir daquela época comecei a me familiarizar como nenhum outro homem público desse Estado.
Eu vou andar todos os municípios. Eu fui um partícipe do processo de desenvolvimento desse Estado. Em Teresina dei uma demonstração de capacidade", disse Elmano.
O pré-candidato completou dizendo que partir da convenção no dia 27 vai caminhar pelo Piauí com o senador Wellington Dias, Margarete Coelho, João Vicente Claudino, Ciro Nogueira e os deputados e pré-candidatos da chapa da oposição.
FOTOS: KELSON FONTINELE