A Comissão de Direito da Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Piauí, realizou uma inspeção no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e constatou uma série de irregularidades, muitas delas em decorrência da greve dos servidores públicos municipais da área da Saúde.
As representantes da Comissão de Direito à Saúde, Cínthia Ayres e Rubenita Lessa, visitaram o hospital, na manhã de ontem, para fiscalizar se os atendimentos estão sendo realizados conforme determina a lei.
Ao chegarem ao local, encontraram filas imensas e pacientes com até 17 horas aguardando atendimento para realização de raios X. O setor de radiologia está funcionando com menos de 30% da equipe, infringindo a Lei Nº 7783, de 1989, que prevê a manutenção desse percentual mínimo nos serviços médicos e hospitalares em caso de paralisação em todo o País.
Em virtude da paralisação no setor, apenas um técnico em radiologia está atendendo a população em plantões de quatro horas. ?Significa que o serviço básico não está sendo oferecido. Isso prejudica muito a população, porque a maior parte dos pacientes vão para a ortopedia?, destacou a advogada Rubenita Lessa.
Os irmãos Ivonildo Vieira e Adelmo Vieira contaram que estavam há mais de nove horas na fila para fazer raios X do ombro e face, respectivamente. Após sofrerem acidente de motocicleta no Bairro Angelim por volta da meia-noite de domingo, os pacientes deram entrada no hospital, mas até as 9h, momento da visita da OAB, ainda aguardavam atendimento.
De acordo com o ortopedista Bruno Freire, a paralisação compromete todo o atendimento. ?Para fazer qualquer encaminhamento médico precisamos de exames. Se a radiologia está com um reduzido número de técnicos, o atendimento atrasa por conta da greve específica do setor?, relata o ortopedista.
A paralisação dos hospitais da rede municipal de saúde teve início na última segunda-feira, dia 18. No caso do HUT, além do setor de radiologia, os técnicos de laboratório e os auxiliares administrativos estão parados.
E assim como os pacientes Adelmo e Ivonildo, inúmeras outras pessoas ocupavam os corredores do hospital, durante a visita da OAB.
O cheiro de sangue e urina pairava no local. ?Isso é desumano!?, relatou o vigilante Danilo Inácio costa, acompanhante de um paciente que aguardava há cerca de 15 horas pela realização de um exame. Nos olhos de cada pessoa era visível a angústia pela espera de atendimento e encaminhamento médico.
Diante do descaso verificado, a presidente da Comissão de Direito à Saúde, Cínthia Ayres, assegurou que se reunirá com a diretoria da OAB-PI para repassar o relatório da visita de fiscalização e avaliar as medidas cabíveis a serem tomadas. ?A OAB vai agir institucionalmente e cobrar dos órgãos responsáveis para que a situação seja mudada?, garantiu.