A revista ?Veja? desta semana traz matéria especial intitulada ?O Piauí Decola?, com cinco páginas, sobre a produção agrícola nos cerrados do Estado. Segundo a publicação, impulsionada pelo cultivo da soja, a região sul piauiense é a fronteira agrícola de maior crescimento neste século. O ritmo de avanço atrai investidores do todo País.
A publicação revela que o Piauí registrou a maior expansão na colheita de grãos no Brasil. O aumento médio anual entre 2000 e 2012 é de 15%. Em segundo lugar está Tocantins com 13%, Ceará com 10%, Bahia e Mato Grosso com 9%. A média nacional é 4%. Os dados são do Ministério da Agricultura.
?O ritmo médio [de crescimento da produção no cerrado piauiense] é de 15% ao ano, de deixar qualquer chinês babando de inveja?. É assim que o texto do jornalista Marcelo Sakate relata o avanço da região e apontada como sucessora da extensão natural do desenvolvimento ocorrido no oeste baiano nos anos 90.
A matéria aponta que a partir do vigor do agronegócio, o Piauí liderou a expansão no Nordeste na última década, avançando a uma velocidade de 4,8% ao ano. A média nacional foi de 3,2%. O cerrado piauiense é o ponto mais efervescente de uma região que, de maneira mais abrangente, é conhecida pela sigla Mapito, por agregar também o sul do Maranhão e o norte de Tocantins. ?É o que está se vendo é apenas o início do processo. Estima-se que só 15% da área apta para o plantio tenha sido explorada no Piauí. A produção de soja equivale ainda apenas a 2% do total nacional, mas o ritmo com que se expande é de quem tem urgência?, aponta ?Veja?.
O Piauí oferece condições atraentes para produção em relação ao sul do Brasil. No cerrado piauiense, há dez anos, um hectare preparado para o plantio custava R$ 500. Ainda que o preço tenha saltado 700%, subindo para R$ 4000 ? está muito aquém dos R$ 19000 cobrados no noroeste do Rio Grande do Sul ou dos R$ 16000 no sul do Mato Grosso.
E além da soja, a região aponta para novas vocações nos próximos anos como um pólo para criação de frangos, na esteira da crescente produção de milho e outro de reflorestamento. A Suzano possui 97000 hectares com eucalipto no Mapito e vai construir uma unidade de produção de celulose no Piauí.
Novo Eldorado: Alta na produtividade coloca Piauí na elite
O Piauí oferece condições atraentes para produção em relação ao sul do Brasil. No cerrado piauiense, há dez anos, um hectare preparado para o plantio custava R$ 500. Ainda que o preço tenha saltado 700%, subindo para R$ 4000 ? está muito aquém dos R$ 19000 cobrados no noroeste do Rio Grande do Sul ou dos R$ 16000 no sul do Mato Grosso.
No entanto, não é apenas o preço da terra que atrai. Outro fator fundamental foi o avanço nas pesquisas. O presidente da Embrapa, Pedro Almeida, afirma que ?a região contou com uma tecnologia já testada em outras áreas. Isso resultou em variedades genéticas de soja mais resistentes a temperaturas elevadas e menor pluviosidade?.
A produtividade do cerrado piauiense subiu, aponta ?Veja?. Na safra de 1992, um hectare rendeu menos de 600 quilos de soja, um terço da média nacional. O estado agora se aproxima da elite: as fazendas mais produtivas chegam a colher 4300 quilos por hectare, o equivalente a 72 sacas de soja. Trata-se de níveis obtidos em Mato Grosso, a referência nacional em produção de grãos.
Os chapadões, com dezenas de quilômetros de extensão, favorecem a mecanização das lavouras e explicam a abundância de tratores e colheitadeiras. Além disso, o uso de semente geneticamente modificada, mais resistente às pragas e mais produtiva, atinge 60% da produção.
Por fim, outro fator é considerado chave para o grande interesse pelos cerrados do Piauí. A localização é privilegiada e faz o custo do transporte ser inferior ao da soja colhida no Mato Grosso. Da porteira de uma fazenda até o Porto de Itaqui, em São Luís, no Maranhão, uma tonelada de soja sai por 30 a 40 dólares menos que de uma propriedade em Sorriso, em Mato Grosso, até o Porto de Santos. A soja colhida no Centro-Oeste percorre 2000 quilômetros para chegar ao terminal portuário, mais que o dobro da distância que separa as fazendas do Piauí do mar. Além disso, a ferrovia que liga o Pará a São Luís também facilita o escoamento.
Piauí Decola: Produtores compram aviões no sul do Estado
A matéria publicada na ?Veja? avaliou ainda o impacto social provocado pelo crescimento do setor agrícola no sul do Piauí. Em Uruçuí, a represa formada pela usina hidrelétrica de Boa Esperança é tomada pela população nos fins de semana. Há dez anos, a diversão dos moradores era tomar banho e pescar em barcos de madeira. Hoje, eles dividem espaço com Jet skis e pequenas lanchas. Em Bom Jesus, o avanço do campo foi determinante para que o município fosse escolhido para abrigar, em 2006, um campus da Ufpi.
Caminhoneiro por onze anos, o catarinense Nivaldo Santos conheceu o cerrado do Piauí em uma de suas viagens pelo Brasil no fim dos anos 70. Nada ali o impressionou. Duas décadas mais tarde, já como um pequeno construtor no litoral gaúcho, ele ouviu de um corretor goiano que o sul piauiense estava deixando muita gente rica. A prosperidade vinha do cultivo da soja. Era o ano de 1999.
Santos decidiu comprar um terreno de poucas centenas de hectares na Serra do Quilombo, em Bom Jesus. Buscou, então, a orientação de produtores da região. Prudente, não vendeu seus negócios no Rio Grande do Sul. Mas o tempo mostrou onde estava o seu futuro. Hoje, aos 57 anos, é dono da Fazenda Santos, com 7800 hectares, uma área equivalente a 9500 campos de futebol. Planta soja e milho. Seu mais recente investimento foi um avião seminovo, modelo Beechcraft Bonanza, avaliado em R$ 500 mil. O trajeto entre Bom Jeus e sua propriedade, que antes levava duas horas de carro, agora é feito em 30 minutos. Essa é apenas uma entre tantas histórias de prosperidade e empreendedorismo de um dos mais vibrantes pólos de desenvolvimento regional do País ? o sul do Piauí.