"Quando a solidariedade é substituída pela competição, os indivíduos se sentem abandonados a si mesmos,entregues a seuys próprios recursos - escassos e claramente inadequados". No livro Confiança e Medo na Cidade, o sociólogo Zygmunt Bauman aborda as incertezas da vida nos grandes centros onde a rede de proteção não alcança uma parcela considerável da população A reflexão pode ser trazida para a realidade brasileira onde a maioria dos 33 milhões de pessoas em insegurança alimentar se encontra nas cidades, e não no campo, que historicamente abrigava a fome, essa chaga social que o o país trouxe de volta. Nesta quinta,31, o Governo Federal inicia uma cruzada para tentar reduzir esse número. Por isso, ao invés de de Guaribas, o município do sertão que foi o piloto do Fome Zero em seu primeiro Governo, o presidente Lula lança o "Brasil sem Fome" na capital do Piauí.. "Ainda há uma prelavência da fome no meio rural mas, em números absolutos, o maior número de pessoas está nos centros urbanos", diz Valéria Burity,secretária extraordinária de Combate à Fome do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).
O Plano Brasil sem Fome será coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Dentre as novidades em relação ao Programa lançado há 20 anos no interior do Piauí, está a integração com outros Ministérios. " Os centros de assistência social e as Unidades de Saúde passarão a identificar pessoas que estão em situação de insegurança nutricional e elas serão encaminhadas para a Rede de Assistência Social, afirma.
Como parte do Programa, serão criadas as Caravanas do Brasil Sem Fome, comaçando por cidades e regiões onde há maior incidência de insegurança alimentar grave. Dados disponibilizados pelo Governo apontam que a fome está mais presente em domicílios chefiados por mulheres negros, população de rua e trabalhadores informais, diz a secretária
O plano integra 80 ações e programas do Governo Federal, com mais de 100 metas organizadas em três eixos principais:
Acesso à renda, ao trabalho e à cidadania
Alimentação adequada e saudável, da produção ao consumo
Mobilização para o combate à Fome
“A cada ano a FAO publica o Mapa da Fome. Ela usa um indicador que traz o dado de fome, de insegurança alimentar, a partir dos três anos anteriores. O Brasil já tem o compromisso de sair do Mapa da Fome pelas metas de desenvolvimento até 2030. afirma. o Plano Brasil Sem Fome ainda tem como metas reduzir ano a ano as taxas totais de pobreza e reduzir a menos de 5% o percentual de domicílios em insegurança alimentar grave.
Para alcançar esses objetivos, todo o governo estará envolvido em ações que promoverão o aumento da renda para a compra de alimentos, a inclusão em políticas de proteção social, a ampliação da produção e do acesso a alimentos saudáveis e sustentáveis. Além disso, o Plano prevê a mobilização da sociedade civil, dos entes federativos e dos poderes Legislativo e Judiciário para a erradicação da fome no Brasil.
“O governo começou desde os primeiros dias a trabalhar contra a fome. Posso citar algumas ações importantes: o reajuste do valor per capta do Programa Nacional de Alimentação Escolar, o novo Bolsa Família, a valorização do salário mínimo, a retomada de programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o próprio Plano Safra da agricultura familiar. Há um conjunto de ações que vão estar nesse plano, mas também há novidades. Uma delas é a proposta de integrar os sistemas de segurança alimentar, de assistência e de saúde”, explicou Valéria Burity.
Outra estratégia é o fortalecimento da política de estoque alimentar, que visa oferecer alimentos a preço mais acessível. Algumas das metas incluem criar um estoque de 500 mil toneladas de milho e 3,7 mil toneladas de leite, totalizando um investimento no valor de R$ 500 milhões de reais para 2023.