Trinta e cinco anos depois de promulgada, indígenas, enfim, terão acesso à Constituição brasileira na Língua originária. A primeira tradução oficial da Carta Magna será lançada nesta quarta-feira (19), em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber.
Crédito foto: reprodução rede social Marco Lucchesi @marcolucbr
A tradução da Constituição Cidadã, como é conhecido o documento de 1988, foi feita por indígenas bilíngues da região do Alto Rio Negro e Médio Tapajós, na língua Nheengatu, conhecida como o tupi moderno. O projeto foi realizado em parceria com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) e a Escola Superior da Magistratura do Estado do Amazonas, e conta com o apoio institucional da Fundação Biblioteca Nacional e da Academia da Língua Nheengatu.
A iniciativa tem como objetivo a promoção dos direitos dos povos indígenas no marco da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) das Nações Unidas. Para a ministra, a tradução busca " garantir o acesso à informação e à justiça e permitindo que os povos indígenas conheçam os direitos, os deveres e os fundamentos éticos e políticos que dão sustentação ao nosso Estado Democrático de Direito”, afirmou a ministra Rosa Weber.
Após o lançamento da Constituição Federal na língua Nheengatu, Weber participará da sanção da Lei Estadual de cooficialização das línguas Indígenas e instituição da Política Estadual de Proteção das línguas indígenas no Estado do Amazonas. Em seguida, ela receberá o 1º Protocolo de Consulta da Federação das Organizações dos Povos Indígenas do Rio Negro, na Maloca da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN).
Língua Perdida
Única língua viva descendente do Tupi, Nheengatu, a Língua Geral Amazônica (LGA) corre risco de extinção. O catálogo de línguas Ethnologue revela que ela tem apenas seis mil falantes no Brasil e oito mil na Colômbia.
Com informações STF