Doenças mentais são o principal motivo de afastamento de empresagos de instituições financeiras. Problemas psiquiátricos foram relatados por metade dos trabalhadores que afirmaram ter enfrentado problemas de saúde relacionados ao trabalho, em 2023, segundo a pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário”, realizada pela Secretaria de Saúde do Trabalhador da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em colaboração com pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UNB), com 5803 bancários de todo o país.
Cerca de 80% dos trabalhadores do ramo financeiro declaram ter tido pelo menos um problema de saúde relacionado ao trabalho no último ano. Dentre os que estão em acompanhamento psiquiátrico, 91,5% estão utilizando medicações prescritas pelo psiquiatra, um percentual que cai para 64,4% entre os que estão em outros tipos de acompanhamentos médicos.
Os dados foram apresentados na reunião do Comando Nacional dos Bancários, realizado no último dia 22. “O estudo traz à tona preocupações significativas sobre os impactos do modelo de gestão adotado pelos bancos na saúde mental dos trabalhadores”, afirma Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT.
De acordo com a pesquisa , o atual modelo imposto pelas instituições financeiras, dentre as quais incluem-se os bancos, é identificado como "uma fonte substancial de psicopatologias, que potencialmente distorcem a subjetividade e os laços sociais dos funcionários, o que resulta em sintomas de adoecimento e agravos à saúde mental", informa a publicação da Federação Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (FENAE).
“É evidente que a saúde mental dos trabalhadores está em risco. Precisamos pressionar os bancos para implementar medidas urgentes que melhorem as condições laborais e garantam um ambiente de trabalho saudável e seguro", alerta a a presidente da Contraf-CUT, Juvandia Moreira.
O estudo também revelou a presença intensa de fatores de risco do trabalho bancário, bem como uma alta ocorrência de sintomas de adoecimento entre os trabalhadores. Amédica Ana Magnólia Mendes, coordenadora da pesquisa, explica que as análises indicam a presença intensa de discursos e práticas de controle, caracterizadas pelo foco nas metas, o controle exacerbado, a despersonalização dos trabalhadores, a presença de uma hierarquia rígida e o uso de ameaças como ferramentas de gestão intensifica, por sua vez, a competitividade e o produtivismo nas relações de trabalho e a presença de vivências de violência no trabalho e de sobrecarga. “Também a presença intensa de relações competitivas, marcadas pela exclusão dos funcionários na tomada de decisão da organização, pelo cerceamento da autonomia no trabalho, pela distribuição injusta, pela indefinição de tarefas e pela presença de disputas profissionais no local de trabalho estimuladas pela chefia, intensificam a violência no trabalho.”
“Essas relações produzem as patologias da violência e da sobrecarga, caracterizadas pela presença intensa de vivências de cansaço, desgaste, sobrecarga, frustração, desmotivação, falta de liberdade de expressão e de opções no trabalho, indiferença entre colegas e desconfiança entre chefia e subordinados, as quais aumentam a presença de sintomas de adoecimento marcados por características de transtornos ansiosos”, afirma.
Fonte:CUT/ FENAE