Correndo contra o tempo! É assim que está desenhado o Pacto Global Contra a Fome, cujas bases estarão presentes em um doocumento a ser entregue nesta sexta-feira, 16, ao presidente Lula. Idealizador da proposta, o presidente brasileiro quis transformar o ano de presidência brasieira do Fórum Econômico Mundial do G-20 em uma ação contra o que considera o maior problema do mundo: a fome e a pobreza que afetam mais de 730 milhões de pessoas ao redor do mundo. Para Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, a urgência é evidente.
O ministro informou que o Bando Mundial fará um acompanhamento dos resultados das ações relacionadas à Aliança Global. "Será uma forma que avaliarmos os efeitos da participação dos países envolvidos", diz. Ele também sugere a criação de um Campeonato do Bem, uma premiação para aqueles que mais conseguirem indicadores de redução de pobreza. Dias explica que ao apoiar o Pacto, o país se compromete a executar as ações que julgarem apropriadas para que se chegue a bons resultados.
Ao longo deste ano, o ministro, que nasceu no estado piloto do Programa Fome Zero - o primeiro criado no país para combater a fome, em 2002, no primeiro mandato de Lula - percorreu o Brasil e muitos paises, em busca de parceiros que topassem o desafio de financiar o Pacto. Sua última missão antes do G20 Social foi na Noruega. Na oportunidade, o país aderiu à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, e a ministra do Desenvolvimento Internacional da Noruega, Anne Beathe Tvinnereim assinou a Declaração de Compromisso que reforça o apoio à iniciativa e anunciou o financiamento inicial de U$ 1 milhão.
Dever de Casa
A proposiçao do governo brasileiro ocorre em um momento em que o Brasil também trava sua luta contra os indicadores sociais desfavoráveis quanto à segurança alimentar. Dias destacou que no Brasil a fome apresentou redução no triênio 2021-2023, passando de 32,8% para 18,4% da população em insegurança alimentar moderada ou grave. Com esses avanços, o governo prevê que o país sairá do Mapa da Fome entre 2023 e 2026. “Quem tem fome tem pressa", diz repetindo a frase do sociologo Betinho."Contem com o Brasil para liderar esse esforço conjunto. Não queremos ser campeões sozinhos, mas trabalhar em parceria com outros países para reduzir a pobreza global,” afirma
Entre os participantes é consenso que a iniciativa da Aliança Global pretende não apenas mitigar os impactos imediatos da fome, mas também atuar em frentes estruturais, como a redução das desigualdades sociais e o fortalecimento da segurança alimentar global, abordando questões como a crise do clima, que intensifica os desafios de produção de alimento.Nosipho Nausca-Jean Jezile, representante da África do Sul junto à FAO afirma que que a presidência brasileira do G20 foi crucial para promover uma resposta global. “A fome é uma questão de direitos humanos. A Aliança Global proposta pelo Brasil é um começo promissor, mas precisamos garantir que todos os continentes estejam engajados,” observou.
Ibrahima Coulibaly, presidente da Organização Pan-Africana de Agricultores, destacou a importância de apoiar a agricultura familiar e fortalecer políticas públicas nos países em desenvolvimento. “O mundo não carece de recursos financeiros, mas de uma distribuição justa. O Brasil serve de inspiração com sua liderança,” pontuou Coulibaly.