Por Rany Veloso
Durante o encontro com ministros hoje (14), no Palácio do Planalto, em Brasília, o presidente Lula orientou não dar espaço às denúncias do governo Bolsonaro para que os erros do passado não virem a agenda do dia do governo. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que a condução é entregar aos órgãos e entidades competentes para que os culpados sejam responsabilizados. "Assim como foi no caso das jóias, todos os documentos que tínhamos aqui encaminhamos para os órgãos competentes (...) Esse episódio da Abin será encaminhado para os órgãos competentes", ressaltou.
Além da investigação sobre a tentativa de ex-ministro de Bolsonaro entrar no Brasil de forma ilegal com jóias da Arábia Saudita no valor de R$ 16,5 milhões alegando ser presente para a entrão primeira-dama Michelle Bolsonaro, hoje foi divulgado pelo O Globo que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) nos três primeiros anos de governo Bolsonaro monitorava 10 mil pessoas sem autorização judicial pelo celular através de software israelense.
LULA DÁ PUXÃO DE ORELHA EM MINISTROS
Os encontros que ocorrem desde a última sexta, são para Lula preparar um balanço dos feitos do governo nos primeiros 100 dias de gestão, além de um pacote de medidas que devem ser anunciadas no dia 10 de abril.
Durante a abertura do encontro desta terça-feira (14), com os ministros da área social, Lula "puxou a orelha" dos que anunciaram ações que não foram apresentadas a ele antes.
"É importante que nenhum ministro e nenhuma ministra anuncie publicamente qualquer política pública sem ter sido acordado com a Casa Civil. Que é quem consegue fazer que a proposta seja do governo. Todas as propostas de ministros deverão ser transformadas em propostas de governo".
O presidente chamou de "genialidade" atos considerados desastrosos, que segundo ele, iria especificar durante a reunião.
"Qualquer genialidade que alguém possa ter é importante que antes de anunciar faça uma reunião com a Casa Civil, para que a Casa Civil discuta com a presidência da República, para que a gente possa chamar o autor da genialidade e a gente então anunciar publicamente como se fosse uma coisa do governo, que esteja de acordo com os outros ministros", disparou Lula.
O presidente não citou nomes, mas o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, citou que iria revisar a "antirreforma" previdência aprovada em 2019 no governo Bolsonaro e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, falou em acabar com o saque-aniversário do FGTS. As informações não foram confirmadas pelo governo.
RETORNO DO "MAIS MÉDICOS"
Rui Costa também falou que o governo irá lançar o programa para levar médicos às localidades, municípios e distritos mais distantes do país. De acordo com ele, a novidade é que terão especialistas na equipe. Os médicos brasileiros formados no exterior vão poder fazer exame para revalidar o diploma e poder atuar nessa área.
O ministro citou que o governo não irá oferecer aumento de salários, mas sim atrativos para os médicos recém-formados.