Rany Veloso

Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

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Brasil e China assinam quase 40 acordos. Lula fala em Nova Rota da Seda.

O Brasil não aderiu ao programa de infraestrutura da China, mas estabeleceu um protocolo de “sinergia” na área

Por Rany Veloso

Após reunião no Palácio da Alvorada, nesta quarta-feira (20), Lula e o presidente chinês Xi Jinping assinaram 37 acordos de cooperação ao total. O Brasil não aderiu ao programa de infraestrutura da China Cinturão e Rota, conhecido também como nova Rota da Seda, mas estabeleceu um protocolo, que tem como objetivo promover parcerias com o Novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC).

Em outubro, a chefe de Comércio dos EUA, Katherine Tai, disse que o Brasil deveria pesar os riscos de aderir a Nova Rota da Seda. Na época, em nota, a China se opôs e classificou o comentário como irresponsável.

Lula falou que o Brasil está elevando a parceria com a China e em várias áreas, como infraestrutura e inteligência artificial, pelos próximos 50 anos. Xi Jinping destacou a importância da parceria estratégica global e o compromisso de ambas as nações com o desenvolvimento e a paz internacional.

A outra novidade é que vão realizar em 2026 o ano cultural Brasil-China para promoção das culturas e tentar aproximar as sociedades.

"O presidente Xi e eu decidimos elevar a Parceria Estratégica Global ao patamar de Comunidade de Futuro Compartilhado por um Mundo mais Justo e um Planeta Sustentável. Estamos determinados a alicerçar nossa cooperação pelos próximos 50 anos em áreas como infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial, economia digital, saúde e aeroespacial. Por essa razão, estabeleceremos sinergias entre as estratégias brasileiras de desenvolvimento, como a Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa Rotas da Integração Sul-Americana, e o Plano de Transformação Ecológica, e a Iniciativa Cinturão e Rota".

Duas forças-tarefas sobre Cooperação Financeira e Desenvolvimento Produtivo e Sustentável foram instaladas e deverão apresentar projetos prioritários em até 2 meses.

Lula começou o discurso citando Confúcio, o mais famoso pensador chinês para exaltar a visita. "Em um de seus ditados, Confúcio nos fala sobre a alegria de receber amigos de terras distantes". E destacou a importância da relação, "o que China e Brasil fazem juntos, reverbera no mundo.

O presidente brasileiro também citou que empresas chinesas estão presentes em licitações de grandes obras de infraestrutura para construção de ferrovias e hidrelétricas no Brasil. Assim como as indústrias brasileiras também estão ampliando suas estruturas na China, como a WEG, a Suzano e a Randon. 

MAIORES PARCEIROS COMERCIAIS

A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2023, o comércio bilateral atingiu recorde histórico de U$ 157 bilhões de dólares. E desde 2017, o Brasil é o maior fornecedor de alimentos para a China. 

Segundo Lula, o superávit com a China é responsável por mais da metade do saldo comercial global brasileiro.

Os acordos de hoje foram assinados nas áreas de comércio e investimentos, infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças, comunicações, desenvolvimento sustentável, turismo, esportes, saúde, cultura, educação, turismo. Além da abertura de mercado para produtos agrícolas, intercâmbio educacional e cooperação tecnológica.

BRASIL E CHINA ESTÃO JUNTOS EM SEIS BLOCOS

Lula demonstrou interesse em aprofundar a cooperação na área de investimentos em parceria entre o bloco econômico do Mercosul e China. Até porque, segundo fontes do governo, há uma maior dificuldade em fechar o Acordo de Livre Comércio entre Mercosul e a União Europeia, por conta de protestos de agricultores e empresários. Um segundo fator é o fato de próximo presidente dos EUA, Donald Trump, ter prometido aumentar a taxa de importação em 60% de todos os produtos chineses, o que deve favorecer o Brasil.

Também fazem parte da  ONU (Organização das Nações Unidas), OMC (Organização Mundial do Comércio), G20 (grupos de maiores países com as maiores economia do mundo), BRICS (bloco econômico de países emergentes) e o BASIC (grupo contra às mudanças climáticas).

A China também foi um dos primeiros países a aderir a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, a maior iniciativa do Brasil durante a presidência do G20, encerrada ontem.

Outra pauta em que o país também defendeu e conta com o apoio da China, é a reforma da governança global. O Brasil busca uma vaga de titular no Conselho de Segurança da ONU.

Mas a China, diferente dos EUA, não aderiu ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre, proposto pelo Brasil para preservação do bioma e consequentemente financiar o desenvolvimento sustentável.

GUERRAS

Os presidentes pouco falaram sobre as guerras na Ucrânia, Faixa de Gaza e Líbano. Lula de uma forma rápida, sem citar a Rússia defendeu a proposta de "resolução política" apresentada pelos dois países. 

"Jamais venceremos o flagelo da fome em meio à insensatez das guerras", sintetizou o presidente brasileiro.

ENCONTRO PRÓXIMO

Xi Jinping deve retornar ao Brasil no ano que vem, para a Cúpula do BRICS, em julho, e para a COP-30, em novembro. Já Lula deve ir a China no Fórum China-CELAC, no próximo janeiro.

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