Campos Neto na berlinda: Deputado Merlong Solano acusa politização do BC

Por Rany Veloso

Acusações de politização e prejuízo ao país: Deputado Merlong Solano (PT-PI) exige a convocação de Roberto Campos Neto na Câmara para explicar suposto conflito de interesses no Banco Central. 

Campos Neto foi acusado por Lula de ter um lado político e trabalhar para prejudicar o país com a alta taxa de juros de 10,50%.

O parlamentar citou as notícias veiculadas de que Roberto Campos Neto insinuou que aceitaria ser ministro da Fazenda caso o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, fosse candidato à Presidência da República e ganhasse a eleição em 2026. 

"Lula, mais uma vez, tem razão. O Moro usou a magistratura para se lançar politicamente. E o Roberto Campos tem conversado tanto com o sistema direita, tem participado de tantos momentos festivos, de jantares, de almoços, de eventos. Vai votar com a camisa símbolo do bolsonarismo na época da votação. Então ele parece que está realmente usando o Banco Central como plataforma de lançamento para um comprometimento político ainda mais claro".

Merlong diz que presidente é obrigado a comparecer pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

"Então acho que sim, ele virá. Até porque, tá na LRF, ele é obrigado a vir, até 90 dias depois do final. Final de cada semestre, o presidente do Banco Central tem o dever de prestar contas ao Congresso Nacional", disse à coluna. 

O pedido de convocação foi protocolado nas Comissão de Finanças e Tributação (CFT) e na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO). No documento, Merlong pede uma avaliação do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária e dos seus impactos na economia.

Merlong destacou ainda que, ao manter a Selic em 10,5%, segunda taxa básica de juros mais alta do mundo, o Banco Central está, na prática, utilizando a política monetária para reduzir os níveis de emprego e renda da sociedade brasileira. Isso porque, segundo o próprio BC em seu relatório trimestral de inflação, a taxa de juro real neutra da economia é de 4,5%.