Por Rany Veloso
Em entrevista exclusiva a Meio Norte, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, Omar Aziz (PSD-BA), adiantou a percepção de boa parte dos senadores sobre as responsabilidades pelo agravamento da crise sanitária da Covid no país. Na sua fala fica claro a responsabilidade do governo sobre a falta de vacinas, estímulo ao uso de remédios sem eficácia científica, a aposta na imunização de rebanho e a existência de um gabinete paralelo. "Nada vai me impedir de chegar lá no final da CPI e fazer um relatório que contemple os negacionistas, e principalmente aqueles responsáveis por mais de 460 mil mortos no Brasil. O Brasil teve a oportunidade de ter vacina e não adquiriu; o que me preocupa é achar os responsáveis por essas mortes".
Aziz também acredita que eles chegarão ao gabinete do ódio, suspeito de enviar mensagens em massa com ataques aos que divergem do governo. "Tem outra coisa que vamos descobrir: vamos chegar na fake news e vamos detonar o gabinete de ódio, a CPI chegará nesse pessoal, que eles têm feito muito mal no Brasil, pode ter certeza disso".
Sobre a convocação de governadores, pauta de encontro virtual do G7 neste domingo (30), Aziz falou que os chefes do Executivo nos estados deveriam ter se antecipado em ações no Supremo Tribunal Federal (STF) uma vez que quando a CPI foi instalada o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apensou o pedido de investigação sobre desvios de recursos de combate à Covid a estados e municípios. Na última sexta (28), 19 governadores enviaram carta pedindo a reconsideração sobre as convocações.
"Semana passada o governador do meu Estado me procurou, dizendo que era inconstitucional e eu coloquei para votar. Mudar de convocação para convite é muito diferente, convite vem quem quer. Para trocar convite não pode ser monocrático tem que vir dos senadores, e para isso tem que ser apresentado um requerimento e até agora não chegou nenhum", explicou.
Em mais uma semana de depoimentos que começam amanhã (01) com a médica Nise Yamaguchi, Aziz revelou que eles irão focar na existência de um gabinete paralelo ao Ministério da Saúde, que aconselhava o presidente Bolsonaro e estimulava o tratamento precoce. A médica é próxima a Bolsonaro e teria sugerido uma mudança na bula da Cloroquina para o tratamento da Covid.
O senador também respondeu a um parlamentar piauiense que nos bastidores falou que a partir de agora a comissão só enxugará gelo. Aziz retrucou e afirmou que os responsáveis pela crise serão punidos. Ele não demonstrou preocupação com a possibilidade da Procuradoria-Geral da República (PGR) não apresentar denúncia para a Justiça após o inquérito, isso porque para ele todo o processo terá uma grande apelo popular, pois a opinião pública está acompanhando.
Sobre a possível omissão do governo na compra de vacinas, para Aziz está comprovada, pois os depoimentos dos representantes da Pfizer e do Butantan se complementam e demonstram o desinteresse nos imunizantes.
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