Por Rany Veloso
O que demorou meses de especulações, em menos de sete minutos, ao lado de aliados, lendo o discurso no papel, Arthur Lira (PP) anunciou nesta terça-feira (29), em Brasília, apoio a Hugo Motta (Republicanos) para a presidência da Câmara.
"E depois de muito conversar e sobretudo de ouvir, estou convicto de que o candidato com maiores condições políticas de construir CONVERGÊNCIAS no Parlamento é o Deputado Hugo Motta, nome que demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez".
Uma reviravolta, porque até então o preferido do atual presidente era Elmar Nascimento (União), que fez uma campanha pesada levando parlamentares neste ano ao carnaval de Salvador e festa de luxo no lago Sul em Brasília. Lira citou Elmar e Antônio Britto (PSD), outro pretenso candidato, como "amigos de vida", mas ressaltou que Motta é o candidato da convergência. Os três são líderes das respectivas siglas na Câmara.
"Jamais caberia a mim, Presidente da Casa, um entre iguais, cercear as legítimas pretensões de quem quer que seja ou obstar o projeto político de um outro parlamentar. No caso, e como todos sabem, Elmar Nascimento e Antonio Britto, mais do que colegas de Parlamento, são verdadeiros amigos de vida. Com eles, tal como com todos os Parlamentares, mantive um diálogo aberto, franco e, sobretudo, leal, e a todos fiz apenas um único pedido: viabilizem-se junto às Deputadas e aos Deputados, pois sem convergência, não há governabilidade. E sem governabilidade, sofre o país. Sofre a população.
PL DA ANISITIA: ACENO À DIREITA, MAS SÓ ACENO
Antes de declarar apoio a Motta, Lira mencionou o Projeto de Lei da Anisitia, que segundo ele, deve ser debatido na Casa. Ontem (28), o presidente criou uma comissão especial para o PL. E quando se cria comissão não é um bom sinal.
As aleições só ocorrem em fevereiro do ano que vem, mas depois que termina uma começa outro. Hoje, é o primeiro dia de atividades no Congresso Nacional depois das eleições municipais.
VEJA O DISCURSO NA ÍNTEGRA:
Como todos sabemos, em fevereiro do ano que vem, as Deputadas e os Deputados da Câmara Federal escolherão seus novos dirigentes, que conduzirão os trabalhos da Casa pelos próximos dois anos.
Presidir a Câmara dos Deputados por dois mandatos consecutivos, tendo recebido, quando de minha reeleição, o voto de confiança de 464 Parlamentares, é uma das maiores honras que a vida já me concedeu.
Sou extremamente grato aos líderes partidários, cuja dedicação, apoio e disposição em dialogar têm nos permitido entregar ao país reformas estruturantes históricas, complexas, mas absolutamente imprescindíveis para modernizar o Brasil e pavimentar o caminho do desenvolvimento e do progresso.
Sinto imenso orgulho da agenda positiva e das entregas históricas que, JUNTOS, COM MUITO DIÁLOGO E CONVERGÊNCIA, estamos deixando ao país, mesmo num contexto de polarização social e política.
A Câmara dos Deputados é um reflexo da sociedade e é nela que devem ser livremente debatidas todas as matérias tidas como relevantes.
Nada deve ser obstado. Há de ser plena a liberdade do Parlamento de formular, discutir, debater, pensar as temáticas mais relevantes e sensíveis de nossa gente.
Assim também deve ser com a chamada Lei da Anistia. O tema deve ser devidamente debatido pela Casa. Mas não pode jamais, pela sua complexidade, se converter em indevido elemento de disputa política, especialmente no contexto das eleições futuras para a Mesa Diretora da Câmara.
E é por isso que, na condição de Presidente da Câmara dos Deputados, determinei a criação de uma Comissão Especial, para analisar o PL 2858/22.
Essa Comissão seguirá rigorosamente todos os ritos e prazos regimentais, sempre com a responsabilidade e o respeito que são próprios deste Parlamento.
Também nessa temática, é preciso buscar a formação de eventual convergência.
Essa é a marca do nosso trabalho: cumprimento intransigente dos acordos firmados, defesa das prerrogativas parlamentares, diálogo incessante e busca incansável por CONVERGÊNCIA.
Esse o espírito que me moveu e me move, especialmente agora, em que o senso de responsabilidade institucional e meu compromisso com o Brasil fazem com que eu me posicione publicamente em favor de um dos pretendentes à Presidência da Câmara dos Deputados, a partir de fevereiro de 2025.
Todos os Deputados que se colocaram e se colocam nessa disputa possuem plena legitimidade para pretender a cadeira que temporariamente ocupo.
Jamais caberia a mim, Presidente da Casa, um entre iguais, cercear as legítimas pretensões de quem quer que seja ou obstar o projeto político de um outro parlamentar.
No caso, e como todos sabem, Elmar Nascimento e Antonio Britto, mais do que colegas de Parlamento, são verdadeiros amigos de vida.
Com eles, tal como com todos os Parlamentares, mantive um diálogo aberto, franco e, sobretudo, leal, e a todos fiz apenas um único pedido: viabilizem-se junto às Deputadas e aos Deputados, pois sem convergência, não há governabilidade. E sem governabilidade, sofre o país. Sofre a população.
E depois de muito conversar e sobretudo de ouvir, estou convicto de que o candidato com maiores condições políticas de construir CONVERGÊNCIAS no Parlamento é o Deputado Hugo Motta, nome que demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez.
Estou certo de que Hugo Motta, Deputado experiente, em seu 4 º mandato, e que viveu e vive de perto os desafios que perpassam a nossa gestão, vai saber manter a marcha da Câmara dos Deputados, seguindo esta mesma receita que tantos bons frutos deu ao Brasil: respeito ao Plenário, cumprimento da palavra empenhada e busca incessante por convergência.
Com esse meu gesto, espero dar início à concretização de conversas que foram feitas e acordos que foram firmados com diversas legendas partidárias, em torno desse mesmo projeto de convergência.
Declarar apoio a Hugo Motta nesse momento é minha contribuição pessoal à convergência, para que sigamos com uma Câmara dos Deputados atuante, propositiva, firme em defesa das prerrogativas do Parlamento, da democracia e do Brasil.