Por Rany Veloso
Durante café da manhã com jornalistas, nesta quinta-feira (12), em Brasília, o presidente Lula negou mudança de ministros, disse que vai combater as fake news e se relacionar com governadores bolsonaristas. Ele ainda criticou Bolsonaro por não reconhecer o resultado das eleições e por ter usado a máquina pública para tentar se reeleger.
Lula lamentou a falta de conservação do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto, residências oficiais do presidente.
Sobre os ataques do último domingo, reafirmou que todos serão punidos e suspeita que os invasores tiveram acesso facilitado ao Planalto por pessoas de dentro.
"Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que gente entrasse, porque não tem porta quebrada. Significa que alguém facilitou a entrada deles aqui. Nós vamos com muita calma investigar e ver o que aconteceu de verdade", considerou o presidente, que até agora não fez um pronunciamento sobre as invasões do último domingo (8).
Lula disse estar esperando a poeira baixar. Também admitiu que lhe foi proposto a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para repreender os atos, mas negou imediatamente. "Aí sim estaria acontecendo o golpe que as pessoas queriam".
O presidente falou aos jornalistas que o papel dos profissionais é cobrá-lo. "Voltei para consertar o Brasil, e o papel de vocês, jornalistas, é me cobrar. Só tem uma razão para eu voltar à Presidência: fazer o povo brasileiro feliz de novo".
APÓS TENTATIVA DO PT, LULA RESISTE E DIZ QUE NÃO VAI MUDAR MINISTRO DA DEFESA
O presidente defendeu José Múcio Monteiro como ministro da Defesa e que não vai tirá-lo. "Confio nele", disse Lula. Mas de um certo modo admitiu erro de Múcio, pois argumentou que se toda vez que algum ministro errasse fosse feito uma troca seria a maior rotatividade da esplanada dos ministérios.
Múcio havia dito que as manifestações nos quartéiseram democráticas e defendia uma desocupação gradual.
RELAÇÃO COM OS GOVERNADORES BOLSONARISTAS
Sobre os governadores bolsonaristas, Lula disse que vai ter relação com todos os chefes do Executivo dos estados sem precisar ser aliado. O presidente teve dois encontros com Tarcísio de Freitas em três dias. Tarcísio é ex-ministro de Bolsonaro e foi eleito governador de São Paulo com apoio do ex-presidente, mas já chegou a dizer depois das eleições que nunca foi bolsonarista radical.
Lula lembrou a relação com Alckmin, quando era governador do estado. "Fui inimigo político de Alckmin, mas tinha contato com o governador". São Paulo é o maior estado e economia do país.
No encontro de ontem (11), Tarcísio teria tratato sobre a privatização do Porto de Santos. Hoje, Lula criticou a privatização da Eletrobras, sobretudo, pelos altos salários dos diretores e conselheiros, que chegam a R$ 200 mil.
INDÚSTRIA DE FAKE NEWS
Sem explicar como, Lula disse que o governo irá combater a indústria das Fake News, que cresceu com o Bolsonarismo, e incumbiu a missão ao ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
CRÍTICAS A BOLSONARO
Sem citar o nome, Lula criticou Bolsonaro por ainda não reconhecer o resultado das eleições e o uso da máquina pública durante a campanha. De acordo com Lula, foram R$ 300 bilhões.
Ontem, ele chamou os apoiadores do presidente de "aloprados que ainda não entenderam que a eleição acabou".
Logo em seguida, Lula elogiou as urnas eletrônicas e o ministro Alexandre de Moraes na condução do processo eleitoral como presidente do Supremo Tribunal Federal.
ATAQUE AO ADVOGADO CRISTIANO ZANIN
O presidente citou o ataque no no aeroporto de Brasília a Cristiano Zanin, advogado que o defendeu no período que foi alvo da Lava-Jato e esteve preso em Curitiba.
Lula incentivou que as pessoas possam filmar o rosto dos agressores para que seja publicado, e consequentemente identificados e punidos. "A gente tem que colocar a cara deles na rede".
MAU ESTADO DE CONSERVAÇÃO DO PALÁCIO DA ALVORADA E GRANJA DO TORTO
"Para que levar cama?", disse o presidente indignado com objetos levados dos palácios presidenciais.
LULA DISSE QUE FICOU FELIZ POR BOLSONARO NÃO TER PASSADO A FAIXA PRESIDENCIAL
"A gente tentou mostrar o povo. A única coisa que eu não queria era que o Bolsonaro me passasse a faixa. Era a única coisa que eu não queria", afirmou.
Ele entendeu que a comemoração no dia da posse, foi uma liberação do povo brasileiro. "É quase como se as pessoas estivessem sendo libertadas de um pesadelo", provocou.