Rany Veloso

Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

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Mandetta diz que vai disputar eleições e que o governo ainda o deve

Por blog Direto de Brasília

| Adriano Machado/ Reuters

Por Rany Veloso

Em entrevista à Rede Meio Norte na noite desta quinta-feira (31), o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que se ainda estivesse no Ministério da Saúde seria uma voz e apoio para prefeitos e governadores e critica a falta de liderança no país para lidar contra o vírus e diz que Bolsonaro queria lidar a pandemia como uma questão política, dando preferência à economia ao invés da saúde.

O ex-ministro, que também já foi deputado federal por dois mandatos, que alcançou um nível de popularidade muito alto, talvez causando ciúme ao presidente, confirmou que vai participar das eleições em 2022 e que Sérgio Moro é um bom candidato. No fim da entrevista, Mandetta revelou que o governo ainda tem algumas dívidas com ele.

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"O MINISTÉRIO DA SAÚDE ESTARIA MAIS PRESENTE NA VIDA DAS PESSOAS", DISPARA MANDETTA

"Algumas medidas são duras porque a vida é o maior patrimônio de um país. E o debate é muito válido porque os empresários, os comerciantes, as pessoas que querem sua vida de volta também tem razão. Então teríamos que ter liderança, teríamos que ter uma unidade nacional contra um inimigo. Esse vírus invadiu nosso país, provoca milhares de mortes, são 1.100, 1.200, ontem foram 1.500, é como se 5 boeings lotados caíssem sobre nossas nossas cabeças nos últimos 70 dias sem dar trégua. Então, o Ministério da Saúde com certeza estaria mais presente no dia a dia das pessoas", afirma o ex-ministro.

Quando Mandetta deixou o Ministério da Saúde, em abril deste ano, o Brasil registrava 1.532 mortos e 25.262 casos. Três meses depois, o país é o segundo no ranking mundial de casos e mortes, atrás apenas dos EUA. Mais de 91.263 mil pessoas perderam suas vidas para a doença que não escolhe classe social.

OCUPAÇÃO MILITAR NO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Para o médico, que esteve no início da pandemia no país em frente à pasta diz que os militares ignoraram o vírus e que se sente frustrado com o alto número de vítimas da Covid-19 no país.

"Acho que o Ministério, ao sair, deixou cada povo cuidando de si e falta uma coordenação nacional para enfrentarmos essa doença. É sempre muito difícil a angústia que dá de você querer fazer um trabalho e não poder. Me sinto muito angustiado e frustrado com os números que o Brasil apresenta", desabafa.

DESDE QUANDO SAIU DO GOVERNO NÃO TEVE MAIS CONTATO COM BOLSONARO

Mandetta que hoje trabalha como consultor falou que quer contribuir com o país, mas não trocou mais informações com o governo federal, que lhe impôs uma quarentena e vai ficar de molho, sem poder dar entrevistas, de outubro à abril do próximo ano.

"Trocaram completamente todos os técnicos do segundo escalão, depois entraram os militares e ocuparam o Ministério da Saúde. E aí ficou sem nenhum tipo de interlocução e eu nunca mais troquei informações nem com o presidente, nem como o Ministério", confirmou o ex-ministro.

A RELAÇÃO COM O PRESIDENTE ENTROU EM COLISÃO QUANDO ELE QUIS ENFRENTAR A PANDEMIA COM UM TRABALHO POLÍTICO

Mandetta disse durante a entrevista que Bolsonaro queria jogar a responsabilidade da crise de saúde na mão dos prefeitos.

"Com o presidente eu sempre tive uma relação respeitosa, ele havia me convidado por eu ser um técnico, ele me pediu um trabalho técnico. Quando tecnicamente esse trabalho chegou, ele não queria mais um trabalho técnico, ele queria um trabalho político para enfrentar a pandemia, que jogasse a responsabilidade para os prefeitos e retirasse o Ministério da Saúde de qualquer tipo de protagonismo em frente a condução de um problema, da maior crise sanitária e pandemia da humanidade. Realmente as posições ficaram a minha muito técnica e dele muito política".

MANDETTA DIZ QUE BOLSONARO OPTOU PELA ECONOMIA

Mandetta concorda que era uma pessoa escolhida por ele para ser parte do governo dele, mas que tinha o dever de dar informações aos brasileiros em nome do governo. "Eu esperava muito que o presidente se somasse, mas ele desde o princípio tomou um lado de falar assim larga mão desse negócio de saúde, vamos optar pela economia, e não tem cabimento você entregar o jogo no primeiro tempo. Tem que lutar, tem que organizar, o sistema precisava de um tempo", finalizou.

PARA MANDETTA, MORO É UM NOME EXCEPCIONAL PARA 2022 E QUE FOI RETIRADO DO GOVERNO PORQUE COMEÇOU A ATRAPALHAR

"Olha, em 2022 vai ter eleição para presidente, vice-presidente, governador, vice-governador. senador, deputado federal e deputado estadual. Eu vou estar como cidadão em praça pública, participando ao lado de quem eu acredito, nas ideias que fujam da polarização. Essa história do PT falar vote em mim senão Bolsonaro fica, e Bolsonaro falar vote em mim senão o PT volta eu já cansei, não tenho mais paciência para isso, eu quero um caminho que una o povo brasileiro. Seja lá o nome que estiver a frente, acho o Sérgio Moro um baita nome, excepcional dentro do Brasil, também foi retirado do Ministério porque estava indo técnico demais na questão do combate à corrupção e comecou a atrapalhar, então é natural que surjam essas especulações. Eu acho um nome maravilhoso para 2022, como existem outros que podem aparecer",  esclarece.

Mas se esquivou e deixou bem claro: "deixa 2022 lá em 2022, quando ele chegar a gente conversa sobre isso".

Questionado se toparia compor uma chapa com Moro disse apenas que se Moro for candidato a presidente, ele que tem que convidar o vice.

GOVERNO IMPÔS UMA QUARENTENA AO EX-MINISTRO, QUE COBROU O SALÁRIO ATRASADO 

"A quarentena me foi imposta a partir do dia 16 de abril até o dia 16 de outubro e aproveita que você tá em Brasília passa lá no Ministério da Saúde e pede para eles me pagarem meu salário, porque eles têm que pagar e não me pagam. Quem tá me bancando é a doutora Terezinha, minha mulher. É, parece que o povo é especialista em logística ou balística, porque tão querendo me matar de fome. Ou então me deixem trabalhar, eu pedi para trabahar e não querem me deixar trabalhar", falou Mandetta de maneira bem humorada.

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