Por Rany Veloso
Diferente de Lula, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) defende uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os atos golpistas do dia 8 de janeiro, quando criminosos invadiram e depredaram a sede dos três poderes em Brasília. Ele disse que respeita a opinião do presidente, mas tem uma visão diferente e afirmou que os responsáveis pelos crimes devem ser presos. "O que houve de fato foi uma tentativa de golpe, foi um plano traçado e executado. Isso não aconteceu por acaso".
Ciro Nogueira também concorda com uma CPI, mas por outro motivo: culpar o governo Lula.
Durante a entrevista, Castro explicou que uma CPI, além de servir como exemplo para que os atos criminosos não se repitam, pode ser uma "vitrine" para a população acompanhar o quê de fato aconteceu e não permitir ficar na impunidade.
"CPI é um lugar muito importante para tornar claro, explícito, para a sociedade brasileira tudo o que foi feito por esses vândalos, porque se ficar só no campo Judiciário isso passa quase despercebido pela sociedade", argumentou.
CIRO TAMBÉM QUER CPI
Nisso, os senadores do Piauí que já estiveram do mesmo lado, mas hoje atuam em campos opostos concordam, porém por motivos diferentes. Questionado pelo blog, Ciro Nogueira (PP), ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, disse ser favorável à abertura de uma CPI. Ele foi eleito nesta semana como líder da minoria no Senado e há na oposição um movimento para investigar o fato na tentativa de também responsabilizar o governo Lula.
MINUTA DE GOLPE
Marcelo Castro chamou atenção para a minuta de decreto de golpe encontrada na casa de Anderson Torres, o primeiro ex-ministro de Bolsonaro a ser preso. Para ele é uma prova contudente.
Ontem, Ciro depôs à Justiça Eleitoral em uma ação contra Bolsonaro e disse durante oitiva que desconhecia o documento que tinha como objetivo instalar estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral.
DOCUMENTO SIGILOSO CHEGA AO SENADO
Chegou ao Senado um relatório enviado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no qual mostra que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) alertou o governo federal em um sistema com 48 órgãos, dentre eles Ministério da Justiça, sobre a possibilidade de ataques ao Congresso e outros prédios da Esplanada dois dias antes.
O texto apontava o perigo iminente, "manifestantes com acesso a armas e com a intenção manifesta de invadir o Congresso Nacional".