Por Rany Veloso
Em entrevista exclusiva à Rede Meio Norte, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM) falou sobre a possibilidade de instalação de uma Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) ao invés da CPI da Covid, incluindo os deputados na Comissão. No Senado, o rito para a instalação começou hoje com a leitura do requerimento. "Nós vamos ter reunião de líderes na quinta-feira e aí vamos avaliar a possibilidade de instalar uma outra CPI aqui também nessa casa já que há alguma dificuldade no entendimento do Senado para que ela seja mista", declara.
Ramos também se mostrou favorável à investigação sobre o destino dos recursos federais no combate à pandemia para estados e municípios. O parlamentar entende que uma investigação aprofundada sobre a atuação de prefeitos e governadores cabe às Assembleias Legislativas, Câmaras, Ministério Público e Tribunais de Contas.
Sobre a conversa entre Kajuru e Bolsonaro que foi vazada, Ramos afirmou ser "uma aberração da política gravar um presidente da República", e continua "isso é algo inusitado, que precisa ser combatido, e que quebra qualquer relação de confiança que se estabelece entre os poderes". E sobre o conteúdo Ramos dispara: "é algo que foge da normalidade da República. Precisamos repor a ordem das coisas".
Ramos respondeu a outras polêmicas, como, a possibilidade de Bolsonaro e Mourão deixarem o país para que Arthur Lira (PP-AL) assumisse a presidência interina e sancionasse o orçamento sem que o chefe do Executivo cometa crime de responsabilidade, uma vez que as receitas e despesas do governo para este ano estariam com irregularidades pela retirada de R$ 26 bilhões de despesas obrigatórias. "Eu prefiro acreditar que isso é uma brincadeira de mal gosto, porque é surreal alguém propor isso ao presidente da República. O presidente da República não foge das responsabilidade, precisa ser encorajado a assumir sua responsabilidade, sancionar ou vetar e arcar as consequências".
Ainda sobre o orçamento, Ramos acredita que o relator, senador Marcio Bittar (MDB-AC) foi traído pelo governo, mas também traiu. "Como Bolsonaro não consegue convencer o ministro Paulo Guedes de abrir recursos para investimento no Ministério do Desenvolvimento Regional e no Ministério da Infraestrutura, ele usou o relator para incluir um recursos como emenda para ser executado pelo poder Executivo. Isso é inusitado, não tem precedente na história". E faz as contas "a parte dos R$ 17 bilhões [de emendas] estava acordado, esses R$ 13,5 bilhões foi um contrabando incluido pelo relator, isso efetivamente não estava acordado".
O vice-presidente da Câmara acredita que Bolsonaro irá sancionar o orçamento como está e vai controlar a execução na "boca do caixa", porque isso sim incorreria, segundo entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU), crime de responsabilidade.
Veja a entrevista completa abaixo: