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Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

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Omar Aziz chama de “motoqueiros do apocalipse” manifestação pró-Bolsonaro

O presidente da CPI falou em mau exemplo dado pelo presidente. “É uma pena porque isso não ocorre em nenhum lugar do mundo”, dispara Aziz.

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Por Rany Veloso

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, Omar Aziz, demonstrou ao blog em vídeo como será a reação da comissão ao ato promovido pelo presidente Bolsonaro no domingo (23) no Rio de Janeiro. Eles irão reconvocar o ex-ministro Pazuello, que é um general da ativa, mas participou de um evento político, o que contraria o estatuto do Exército e pode levar à punião. Para o senador, essa cena não aconteceu em nenhum lugar do mundo e deu um nome ao passeio. "Aquilo lá eram os motoqueiros do Apocalipse. Não tava gerando um emprego, não combater o Covid, pelo contrário, aglomeração causa transtorno, e o pior ainda você vê o governador do Rio dando todo o apoio, com o aparato de mil homens para que haja aquilo. Do ponto de vista sanitário é terrível, é um mau exemplo que se dá ao Brasil", considera.

Aziz declarou que não vai mais ficar inerte em relação a depoimentos mentirosos. “A partir de agora as pessoas que tomarem a decisão de mentir poderão ser presas pela CPI. Não vou ser desmoralizado”, dispara. 

No depoimento do ex-secretário de Comunicação Social, Fabio Wajngarten, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) pediu a prisão do mesmo pelas mentiras relatadas, mas Aziz negou o pedido. Na semana passada, a prática se repetiu com os ex-ministros Ernesto Araújo e Pazuello. Os senadores alegam que documentos e falas de arquivo dos depoentes confirma as contradições.

BOLSONARO PASSOU RECADO À CPI, MAS TERÁ REAÇÃO

Ao mesmo tempo em que a manifestação a favor do presidente ocorria no Rio de Janeiro, berço do bolsonarismo, o G-7, grupo de senadores da oposição e independentes, maioria na CPI, fizeram uma reunião online.

Eles entenderam o recado de Bolsonaro. O presidente quis comprovar que a CPI não está desgastando a imagem do governo. A tendência é radicalizar mais e falar diretamente para o seu eleitorado.

Porém os senadores já articulam uma reação que não trará sangue, mas desmoralização ao governo, com forte apoio popular aos trabalhos da Comissão. 

Mesmo com dois dias de depoimento, depois da aparição de ontem em uma manifestação política partidária, Pazuello, será chamado novamente para esclarecer à CPI alguns posicionamentos que soam contraditórios com o que ele faz e o observado em documentos recolhidos pela comissão. A tentativa de blindar Bolsonaro poderá acabar lhe prejudicando.

ATUAL MINISTRO DA SAÚDE TAMBÉM DEVE SER RECONVOCADO

Assim como o atual ministro Marcelo Queiroga, que tentou não comprometer o chefe do Executivo e acabou se ausentado do seu papel de autoridade da Saúde. Queiroga trabalha numa linha mais voltada para evidências científicas, usa máscara, foi ao Maranhão ontem verificar de perto o risco da nova cepa indiana que chegou ao Brasil, levou 600 mil testes rápidos, mas não se sabe de fato qual a orientação do governo, uma vez que o líder maior da nação não se comporta como o ministro orienta. Quais as recomendações no Brasil? Usa ou não usa máscara? Faz ou não distanciamento social? O próprio ministro vem chamando atenção desde o início para evitar reuniões "fúteis".

EXÉRCITO AVALIA QUAL PUNIÇÃO SERÁ DADA A PAZUELLO

O Alto Comando do Exército estuda o que poderá ser feito para punir o ex-ministro Pazuello, que agiu contrário ao regimento da força, que impede participações em manifestações contra ou a favor do governo.

Há duas possibilidades, ou aposentadoria de Pazuello com a data retroativa de sexta-feira (21) ou advertência, que pode chegar à prisão.

Já havia um movimento para que Pazuello fosse para reserva desde quando assumiu o posto de ministro para dissociar a imagem dele do Exército e agora aumenta esse sentimento, porque claramente ele traz uma discussão de politização dos quartéis.

O vice-presidente Hamilton Mourão, que está na reserva, acredita que ele será punido.

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