Rany Veloso

Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

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Exclusivo Prisão de Braga Netto: Ministro da Defesa minimiza impacto nas Forças Armadas

José Múcio Monteiro à coluna defende que é preciso separar o “joio do trigo” e atribui à Justiça a decisão sobre outras possíveis prisões de generais

Por Rany Veloso

Após a prisão do general quatro estrelas do Exército, Braga Netto, a repercussão é geral: novas prisões podem ocorrer contra os outros generais investigados, inclusive contra o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.

Mas o fato não é encarado com resistência pela Alta Cúpula das Forças Armadas e nem pelo ministro da Defesa, o responsável pelo Exército, Marinha e Aeronáutica, Múcio Monteiro, que disse à coluna ser este "um fato isolado. Não é a Força. É um ex-membro".

A posição do ministro, que foi nomeado para a pasta já com a missão de pacificar as relações entre o presidente da República e as Forças, é a de separar os verdadeiros culpados do resto das Forças Armadas. Isso por causa da desconfiança de Lula ainda mais depois do 8 de janeiro de 2023. A expressão "separar o joio do trigo" se aplica bem a este caso. Significa que nem todos os militares cometeram crime contra o Estado Democrático de Direito. Questionado sobre isso, o ministro respondeu: "não tenha dúvida".

Ainda há mais cinco generais do Exército e um almirante da Marinha que são alvo das investigações sobre a tentativa de golpe de estado. A prisão de Braga Netto, a primeira de um general alta patente depois da redemocratização do Brasil, pode expressar um recado: outras prisões de generais podem ocorrer. Interrogado sobre possível "resistência à prisão" destas outras autoridades do Exército, Múcio Monteiro afirmou que "quem decide é a Justiça".

Outra repercussão que pode ter no Exército após esta prisão é a mudança nas regras dos "kids pretos", homens das Forças Especiais do Exército que fazem treinamento especial para integrar o denominado grupo de elite. O nome se dá porque eles usam um gorro preto cobrindo o rosto. 

MOTIVO PARA A PRISÃO DE BRAGA NETTO

O general Braga Netto, que era candidato à vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, foi preso no último sábado (14), no seu apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro, por tentar atrapalhar as investigações de Tentativa de Golpe.

Segundo a Polícia Federal (PF), Braga Netto era o "grande mentor" do golpe e tentou ter acesso à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que confessou o fato em depoimento. O general teria procurado o pai de Cid, o outro general Mauro Lourena Cid. 

BRAGA NETTO BUSCAVA FINANCIAMENTO DE ATOS 

Ainda de acordo com a PF, Braga Netto, apoiou, incentivou e buscou financiamento para os atos golpistas. Uma das provas foi quando o general entregou R$ 100 mil em uma sacola de vinho aos "kids pretos".

Teria sido na casa dele a reunião de 12 de novembro de 2022 com os kids pretos para fechar o plano Punhal Verde e Amarelo, que de acordo com a PF, previa o assassinato de Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

A investigação também aponta que Braga Netto teria como objetivo assumir o comando do país quando a popularidade de Bolsonaro estivesse em baixa.

MINISTÉRIO PÚBLICO CONCORDA COM PRISÃO 

De acordo com a Procuradoria-Gera da República (PGR), que se manifestou sobre a prisão, há provas que indicam materialidade e autoria dos crimes cometidos.

GENERAL ESTÁ PRESO EM UM QUARTO COM TV

Braga Netto já passou por audiência de custódia, quando a prisão preventiva foi mantida. O general está na Vila Militar, zona oeste do Rio, sob responsabilidade do Comando Militar do Leste. Por ser de alta patente tem direito a um quarto, com ar-condicionado, televisão, frigobar e armário. Mas até para receber visitas de parentes é necessária autorização do ministro Alexandre de Moraes.

O inquérito de tentativa de golpe foi finalizado pela PF no final de novembro, quando o mesmo foi indiciado pelos crimes de Golpe de Estado, tentativa violenta de abolir o Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

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