Por Rany Veloso
Durante a primeira reunião após a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) discutiu com o governista Ciro Nogueira (PP-PI). Isso porque Ciro queria a aprovação dos mais de 200 requerimentos de informação em bloco, ou seja, de uma vez só, e Renan não, pois evitaria alguns pedidos dos senadores que são aliados de Bolsonaro, como todos os processos e inquéritos das polícias Federal, Civil, Tribunal de Contas e Ministério Público envolvendo estados e municípios no que diz respeito ao destino das verbas federais para combate à pandemia. A disputa terminou em bate-boca.
Ciro alegou que Renan estava com medo de aprovar os requerimentos. O relator disse nós iriam transformar a CPI numa batalha eleitoral politica e que nada iria atrapalhar o andamento da comissão. Por fim alfinetou Ciro ao questionar se requerimentos de origem do Planalto repassados aos senadores deveriam ser aprovados, porque para Calheiros eles têm como objetivo tirar o foco da investigação.
VEJA MOMENTO ACALORADO DA DISCUSSÃO:
No fim das contas, Ciro conseguiu que a CPI aprovasse todos os 308 requerimentos de informações aos mais diferentes órgãos, como, Ministério da Saúde, Anvisa, Secretarias de Saúde, Pfizer, Tribunais de Contas, Ministério Público e até Supremo Tribunal Federal.
Assim que a sessão começou Ciro Nogueira pediu que o Plano de Trabalho da CPI fosse votado apenas próxima semana porque ganhariam mais tempo para analisá-lo, já que Calheiros terminou o projeto na madruga de hoje.
QUASE 300 REQUERIMENTOS NA CPI
Em quase 48 horas da instalação da CPI foram mais de 300 requerimentos solicitados pelos senadores para a realização de depoimentos, envio de informações e documentos pelo Ministério da Saúde, Anvisa e outros orgãos. Hoje, somente os requerimentos de informações foram aprovados.
Ciro Nogueira apresentou 10 requerimentos que miram documentos de municípios de até 200 mil habitantes. Ele solicita aos 26 estados, Distrito Federal e municípios notas fiscais, notas de empenho, ordem bancárias e processos administrativos de despesa do dinheiro repassado pelo governo federal para o combate à pandemia.
Nos requerimentos de números 140 e 141, Nogueira pede às 26 diretorias da Polícia Federal e Polícia Civil e ao Ministério Público Federal e Procuradorias Gerais de Justiça (estados e Distrito Federal) cópias de todos os inquéritos ou investigações em qualquer fase, relativos à aplicação de todos os recursos federais destinados aos Estados, DF e Municípios de até 200 mil habitantes para o combate à Covid-19.
Também pede cópia dos processos de investigações dos Tribunais de Contas dos Estados e Tribunal de Contas da União e todas os relatórios de auditorias e inspeções relativos à aplicação de todos os recursos federais destinados aos estados, DF e municípios de até 200 mil habitantes para o combate à Covid-19.
Dentre os requerimentos de convite, Ciro quer a presença do prefeito de Chapecó, João Rodrigues, para falar sobre o tratamento da doença na cidade. Neste mês, Bolsonaro fez visita à cidade catarinense para verificar de perto o trabalho do prefeito elogiado pelo presidente por ter focado no tratamento precoce. Esse tratamento não é recomendado pela Organização Mundial da Saúde por não ter nenhum medicamento comprovado cientificamente capaz de prevenir contra o Coronavírus.
EX-MINISTROS DA SAÚDE SÃO CONVOCADOS PARA PRÓXIMA SEMANA. SOMENTE PAZUELLO TERÁ UM DIA PARA DAR EXPLICAÇÕES.
Após votação sobre as convocações da semana que vem, os ex-ministros da Saúde serão ouvidos cronologicamente a partir da próxima terça-feira. Serão convocados ainda hoje e ouvidos na condição de testemunhas. Começando por Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich na terça, na quarta Pazuello, na quinta o atual ministro Marcelo Queiroga e o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres e na terça sequinte, dia 11, o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, que declarou incompetência e ineficiência no trato do Ministério da Saúde quando o Brasil rejeitou a oferta de 70 milhões de doses da vacina Pfizer em julho do ano passado.