Por Rany Veloso
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) em entrevista exclusiva disse que o fato considerado mais relevante até agora na CPI da Pandemia foi o depoimento de ontem (13), do CEO da Pifzer na América Latina, Carlos Murillo, o qual aponta fortes indícios sobre a omissão do governo federal na condução da crise, uma vez que a farmacêutica tentou negociar vacinas com o Brasil desde agosto de 2020, antes da compra, em março de 2021.
"Se pudesse dizer hierarquicamente o depoimento mais importante diria que foi o da presidente da Pfizer, que mostrou com provas que a narrativa do Governo está completamentte errada, porque de agosto até agora a Pfizer fez seis tentativas e se tivesse sido aceita teríamos começado a imunização brasileira no ano que passou", declarou.
Logo em seguida, o senador também apontou para o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que deve prestar depoimento na próxima quarta (19), "isso demonstra também que o ministro Pazuello mentiu quando esteve no Senado". A fala faz menção à versão de Pazuello sobre a quantidade de doses oferecidas pela Pfizer no ano passado.
O grande termor, neste momento, é que o Supremo Tribunal Federal (STF) permita que Pazuello fique em silêncio, como solicitou o Habeas Corpus da Advocacia-Geral da União (AGU) nesta quinta-feira (13).
Calheiros acredita que o ex-ministro seja a peça "mais importante" da investigação porque pode revelar outros nomes "que atuaram de maneira criminosa no combate à Covid". E assim como fez com Wajngarten, não descarta que pode pedir prisão por falso testemunho , "o seu depoimento é muito importante, que ele não tenha medo que será incriminado, a medida que ele negar responder qualquer pergunta".
Sobre o conflito com o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que o chamou de "vagabundo" nesta semana, Calheiros disse que esse é um comportamento de uma "cultura miliciana" e que não iria mais dar confiança "a esse tipo de gente". Para o relator, o governo não tem argumentos e "só agride".
Sobre o papel do senador Ciro Nogueira (PP-PI), de defender o governo, Calheiros disparou: "o que me surpreende é o senador Ciro agir dessa forma, e eu tenho lamentando no dia a dia esse papel que ele está tentando cumprir na CPI. Defender um Governo que está sendo acusado de ter proporcionado um número maior de mortes, todos precisam entender que não é uma tarefa fácil".
O relator não cogita deixar o cargo na CPI caso venha a tona alguma investigação sobre Alagoas, onde seu filho é o governador. Calheiros afirmou que a comissão não irá investigar prefeitos e governadores, porque não é a função dela.
"Não vai acontecer porque não é competência do Senado investigar os governadores, temos nos Estados um fato determinado de investigar que é o Amazonas; o presidente da República disse no telefonema que não poderia ser o único foco e desviar a investigação aos Estados e municípios, mas esse não é o objetivo, queremos investigar se houve crime contra a humanidade, e se o presidente da República e o Governo de alguma forma deixaram de tomar alguma decisão que poderia ter evitado esse número de mortes; o Brasil se transformou num cemitério no mundo, as pessoas que perderam a vida e suas famílias precisam saber o que aconteceu e se isso for confirmado vamos ter que cobrar responsabilidade sim, seja de quem for", afirmou.
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