Por Rany Veloso
O Ministério Púlico Federal (MPF) pediu pela segunda vez explicações detalhadas dos governadores sobre os hospitais de campanha desativados. O prazo dado peloa subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, é de 5 dias. O governador do Piauí, Wellington Dias (PT-PI), argumenta que hospitais de campanha foram desativados por falta de pacientes na época e depois falta de profissionais da Saúde. "Não era razoável manter por vários meses hospitais de campanha a um custo diário por cada leito e de julho para frente foi assim, e ainda tendo disponibilidades de leitos permanentes. O problema não foi cama ou mesmo respirador, desta vez foi falta de profissionais que são necessários especializados em Unidade de Tratamento Intensivo - UTI, especialmente: médicos intensivistas, anestesistas, cardiologistas, neurologistas etc".
Ao tempo que o MPF acusa governadores por mal uso do dinheiro e prejuízo ao erário pelas vidas perdidas e verbas mal utilizadas, os governadores não gostaram nada da espécie de intimidação orquestada, segundo eles, pelo Palácio do Planalto e próximo a instalação da CPI da Covid.
Dias afirma que prestou contas e que boa parte dos investimentos foi de recursos dos estados. O governador atribui o motivo do colapso a vários fatores, inclusive à falta de uma coordenação nacional.
"A estratégia era uma alternativa SOS provisória, enquanto avançavam os investimentos em ampliação de leitos em hospitais públicos, enquanto se fazia a suspensão de cirurgias eletivas, adiáveis, e desocupava outras UTIs por exemplo. O colapso se deu pela falta de profissionais em praticamente todos os Estados brasileiros, levado pela velocidade de transmissibilidade das novas variantes e pela ausência da coordenação central, do governo federal, que foi avisado e não ajudou na contenção", declara.
Lindôra Araújo requisita informações completas sobre as verbas federais e estaduais utilizadas na construção dos hospitais de campanha, incluindo especificação de valores repassados pela União aos estados e a quantia redistribuída aos municípios. Também pede a relação completa dos insumos e equipamentos das estruturas desativadas, com a comprovação da destinação de bens e valores. Além disso, solicita dados sobre o uso das verbas federais destinadas ao combate à pandemia, perguntando, por exemplo, se algum valor foi realocado para outros fins. A subprocuradora exige a assinatura dos governadores nas respostas.