Petroleiros do Piauí e Ceará farão greve e citam risco de desabastecimento

O movimento é contra a venda da Lubnor; o presidente do Sindipetro-CE/PI, alertou para os riscos de desabastecimento de produtos produzidos pela refinaria, que poderiam surgir devido à criação de um monopólio privado na região.

Os petroleiros dos estados do Piauí e Ceará, representados pelo Sindicato dos Petroleiros do Ceará e Piauí (Sindipetro-CE/PI), filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), decidiram iniciar uma greve em resposta à venda da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor). A paralisação está programada para começar na próxima terça-feira, 27 de junho, na própria unidade, e contará com o apoio de sindicatos de outros estados, que realizarão manifestações em suas bases no mesmo dia.

A venda da Lubnor para o grupo Grepar Participações Ltda foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na quarta-feira, 21 de junho. No entanto, desde maio de 2022, quando a transação foi assinada, o negócio tem enfrentado questionamentos por parte dos petroleiros e da prefeitura de Fortaleza. O valor da venda, de US$ 34 milhões, ficou 55% abaixo da estimativa de mercado, o que gerou preocupações sobre a situação fundiária, já que 30% do terreno pertence ao município.

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Petroleiros do Piauí e Ceará deflagram greve (Foto: Reprodução/Divulgação)Fernandes Neto, presidente do Sindipetro-CE/PI, alertou para os riscos de desabastecimento de produtos produzidos pela refinaria, que poderiam surgir devido à criação de um monopólio privado na região. Ele enfatizou que a venda da Lubnor para uma empresa privada teria impactos econômicos e sociais significativos para o estado e que os petroleiros continuariam lutando para reverter essa venda.

Com mais de 500 trabalhadores, entre funcionários próprios e terceirizados, a Lubnor é responsável por aproximadamente 10% da produção de asfalto do país e também produz lubrificantes naftênicos, utilizados em aplicações especiais, como isolantes térmicos para transformadores e amortecedores para veículos. A refinaria abastece todos os estados do Nordeste, além de fornecer derivados para os estados do Amazonas, Amapá, Pará e Tocantins.

Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, ressaltou a importância da Lubnor na região, destacando que a refinaria fornece óleo diesel, gasolina, querosene de aviação e GLP para distribuidoras locais, provenientes de outras refinarias e terminais. Ele alertou que a venda da Lubnor poderia resultar em desabastecimento desses produtos, o que afetaria negativamente as exportações e importações na região.

Diante desse cenário, a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro) está analisando o acordo firmado pelo Cade e, caso seja constatado prejuízo à Petrobrás ou ao mercado interno, a entidade tomará medidas judiciais. A Anapetro já havia manifestado sua oposição à venda da Lubnor, solicitando a realização de novos testes de mercado para garantir uma análise adequada do processo de concentração.

Em resposta a esses acontecimentos, a Petrobrás informou que existem outras condições a serem cumpridas antes da conclusão do processo de venda da Lubnor. A situação ainda apresenta pendências e é alvo de preocupações por parte dos trabalhadores e entidades envolvidas.

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